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domingo, 20 de junho de 2010

Anthropologie

Anthropologie
Washington DC/Miami, Estados Unidos

A Anthropologie está longe de ser uma livraria: é, isso sim, uma deliciosa e feminina loja de roupas bacanas, acessórios mais bacanas ainda, bolsas, sapatos, coisinhas delicadas para a casa, bobeiras interessantes em geral e... livros, numa seleção caprichada difícil de encontrar até em grandes redes americanas. Já faz tempo que, quando vou aos Estados Unidos e sei que há uma Anthropologie por perto, reservo um pouco da minha cota de leitura para as obras que vou encontrar lá.

Quando estive na loja de Miami, em maio, havia uma coleção de clássicos da literatura - Emma, Alice, O morro dos ventos uivantes, A odisseia - lindamente encadernada em tecido. Diversos livros sobre decoração e jardinagem. Uma seção de obras culinárias que só deixei passar por medo da mala ficar muito pesada. Guias da Taschen. O Questionário Proust da Vanity Fair. Títulos infantis "interativos": para colorir, descobrir, pensar. Alguns livros sobre estilo que não resisti em comprar. Isso fora os cadernos, bloquinhos, cartões e papeis de carta, tudo tão convidativo que dá vontade de sair escrevendo à mão ali mesmo...

sábado, 5 de junho de 2010

The Bookstore in the Grove

The Bookstore in the Grove
Miami, Estados Unidos

Fica pertinho do CocoWalk, um shopping meio sem graça no agradável bairro de Coconut Grove e, pelo menos enquanto eu estive lá, o maior movimento era de pais com crianças pequenas, atraídos pela boa parte infantil da loja. Os vendedores também parecem super solícitos: eu presenciei a paciência de uma delas com um casal que queria encontrar um presente pro sobrinho, na linha Crepúsculo, mas não aceitava nenhuma sugestão da moça. No fim, acabaram levando alguma coisa na linha vampiresca.

O bacana é que, assim como a Books & Books, esta loja também se orgulha de ser independente - ou seja, vende livros de editoras pequenas, muitas delas locais, ao lado de best-sellers. Vale gastar um tempo nas prateleiras de livros de receitas e de arte. Nos fundos, fica o café. E pena que eu já tinha almoçado quando visitei a livraria, porque o cheiro do brownie de chocolate era matador.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Books & Books

Miami, Estados Unidos

Estive recentemente em Miami, por motivos profissionais, e o que eu mais queria era dar de cara com uma Borders ou uma Barnes & Noble. Mas calhou de eu encontrar primeiro, na Lincoln Road, em Miami Beach, uma filial da Books & Books, a rede independente de livrarias da cidade (a matriz fica em Coral Gables, onde acabei indo num outro dia).

Adorei. Logo na entrada da loja da Lincoln Road há um café, que serve um ótimo chá de framboesa gelado (fazia um calor senegalês) e um bom sanduíche de berinjela com queijo de cabra. Alimentado o corpo, alimenta-se, então, o espírito. São várias salas forradas de estantes e divididas em temas que não fogem ao que se encontra nas grandes redes, mas com uma diferença fundamental: além do catálogo das principais editoras americanas, e algumas europeias, a Books & Books vende muitos títulos, digamos, não tão comerciais. Diversas empresas pequenas, que provavalmente não encontrariam espaço nobre em outras livrarias, têm seus volumes bem expostos, o que é ótimo principalmente para quem, como eu, procurava livros de um assunto específico. Encontrei vários, muitos de séries que não conhecia.

Lá dentro, o silêncio é a trilha sonora: quem se senta nos bancos disponíveis em cada sala, para folhear o que for com sossego, exibe um respeito quase que de biblioteca. Uma pergunta aqui, outra ali, logo atendidas pelos funcionários. E a sensação de que livros, assim como santos, também merecem seus templos.

domingo, 13 de setembro de 2009

El Ateneo Grand Splendid

El Ateneo Grand Splendid
Buenos Aires, Argentina

Eu não leio em espanhol - até já arrisquei alguma coisa, como a biografia do Xul Solar, mas é um processo tão demorado e dolorido que prefiro nem tentar. E fico com uma raiva muito grande de mim mesma por não aprender o idioma direito, principalmente quando sei que em Buenos Aires há livrarias tão boas, como a El Ateneo, com zilhões de títulos interessantes por preços muito mais convenientes do que no Brasil.

A Grand Splendid é a filial chique e lindíssima dessa rede argentina de livrarias. Foi instalada num antigo cinema dos anos 1920 (pelo menos assim diz o blog de livros da revista New Yorker), na avenida Santa Fé, e causa o maior impacto. O lugar, restaurado, mantém a cara de teatro - mais teatro do que cinema atual, pelo menos -, com a diferença de que há livros até nos antigos camarotes. E de que, no palco, funciona um café. A última vez em que estive lá foi no final de 2004, quando quase não havia livros em inglês à venda; era a alternativa ao meu não-conhecimento do espanhol. Uma pena.

sábado, 29 de agosto de 2009

Café com Letras

Café com Letras
Belo Horizonte, MG

Quando fui a Belo Horizonte pela primeira vez, a trabalho, vários anos atrás, fiquei hospedada num flat da rua Antônio de Albuquerque, na Savassi. Voltei cedo de uma reunião e resolvi andar pelo bairro. Foi quando eu encontrei, na mesma rua do hotel, esse misto de café e livraria, então muito mais livraria do que café.

Há uns dias, voltei a BH e fui outra vez ao Café com Letras, dessa vez muito mais restaurante que café ou livraria. Continua bacana - em duas ou três mesas dá pra almoçar ao lado das estantes cheias de livros, como se fosse numa biblioteca. Os títulos, reduzidos devido ao espaço, me pareceram bacanas. Tinha até uma prateleira só com volumes da Taschen, vários daquela série sobre artistas de cinema (eu tenho o da Grace Kelly). Fiquei tentada a comprar o da Marilyn Monroe, mas com a diferença de preço entre os 2,49 euros que eu paguei em Paris e os mais de 40 reais cobrados na loja mineira, desisti rapidinho. Ok, eu sei que, se eu voltasse a Paris para comprar mais dessa série na loja da Taschen, ia gastar muito mais do que 40 reais, mas tem também o propósito que eu fiz de tentar não comprar mais livros até o fim do ano, pra ver se eu dou conta de ler o que se acumula aqui em casa. Estou conseguindo. Hoje é meu 70º dia de abstinência.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Livraria Siciliano

Livraria Siciliano
São Paulo, SP

Nem sei se a loja ainda existe. Nos anos 70 e 80 havia duas, no shopping Iguatemi, e eu me lembro até do cheiro delas. Minha preferida era a do piso de cima, onde os livros infantis e infanto-juvenis pareciam mais à mostra. Acho que minha edição de Pollyana, que ganhei de presente da avó paterna, foi comprada lá. Lembro da frustração que eu sentia quando perguntava de alguma coisa para os vendedores e eles não tinham ideia do que eu estava falando. E, estranhamente, se não tinha na Siciliano, não tinha em outro lugar - não era hábito da minha mãe frequentar a Cultura e eu sinceramente não me lembro de outras livrarias na minha infância e adolescência.

Hoje, eu só compro na Siciliano e na Saraiva em caso de necessidade urgente e extrema. Não gosto de seu jeito impessoal, do amontoado de coisas à venda, da ostentação de autoajuda, da falta de conhecimento melhor da maioria dos vendedores. Prefiro comprar livros em lugares onde eu sei que eles são bem-tratados, como na Cultura e na Livraria da Vila. A Siciliano dos anos 70 e 80 ficou para trás. Ganhou a memória, que guarda também o shopping antigo e frequentável, hoje irreconhecível para quem, como eu, comeu na lanchonete Jules & Jim e comprou discos na Hi-Fi.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Taschen

Taschen
Paris, França

Eu já tinha lido sobre uma loja da Taschen em Paris, mas foi por acaso que a encontrei, na rue de Buci, em Saint-Germain-des-Prés (mais ou menos por acaso, na verdade: fui parar na rue de Buci por causa do quarteirão preferido da Danuza Leão em Paris). Quando vi o letreiro, não sabia se ria ou se chorava - rir pela alegria de poder ver livros belíssimos e diferentes, chorar pela tentação de deixar ali muitos euros.

Mas dei a sorte de pegar uma senhora promoção - o azar foi não ter espaço, na mala, para trazer muita coisa. As duas grandes bancadas, no centro da loja, estavam cheias de livros sobre arte, decoração, cinema, ioga, meditação e viagens, por preços inacreditáveis. Paguei 2,49 euros por um volume lindinho sobre a Grace Kelly e 0,99 no The book of fruits, que reproduz belas ilustrações pintadas em 1812 (e que não é O livro das frutas, da Jane Grigson).

Nas estantes coladas às paredes ficavam as novidades e os livros fora da promoção. Eu me apaixonei por um gigantesco guia de Nova York que tem uma ilustração da Audrey Hepburn em Bonequinha de luxo na capa. Queria trazer um livro que reúne anúncios de moda num período de 100 anos. E daria tudo pra ganhar na loteria e poder pagar o preço altíssimo do catatau de quase 600 páginas com a obra de Frank Lloyd Wright - e era apenas o primeiro volume de uma trilogia dedicada ao arquiteto.

Mas esse é o problema de toda livraria, certo? A gente sempre quer mais do que pode comprar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Livraria e sebo Piazza

Livraria e sebo Piazza
São Paulo, SP

Já escrevi algumas vezes, aqui, sobre meu livreiro preferido. E se nunca mencionei seu nome foi talvez por um medo irracional e infantil de que me "roubassem" o Piazza - como se ele só pertencesse a mim. Mas aí veio a revista Piauí e escancarou o que eu na verdade sempre soube: o Piazza era o livreiro preferido, infalível, de metade das redações de São Paulo. Até hoje, ele só não conseguiu encontrar um livro que eu pedi (Os autonautas da cosmopista - thanks SK -, do Cortázar), e mesmo assim porque talvez eu não tenha insistido muito.

O Piazza tinha uma livraria que eu nunca cheguei a frequentar. Comprava quando ele ia à redação com um carrinho cheio de livros, o preço marcado a lápis na primeira página, a forma de pagamento sempre negociável com descontos ou cheques pré-datados. Dele eu comprei uma série enorme de Calvino e Rubem Fonseca, uma história da literatura erótica sobre a qual ainda preciso escrever, As mais belas histórias da Antiguidade Clássica e tantos outros volumes que não cabem num post. Há alguns anos, fechou a loja, virou rato de sebo por profissão e começou a ensinar o ofício ao filho. Agora o Piazza vai se aposentar. Vou sentir falta de sua presença imponente, o sotaque italianado, o jeito de me chamar pelo sobrenome verdadeiro nesses quase 20 anos em que ele sempre se lembrou do meu gosto literário e sempre soube indicar boas leituras. Sorte que existe a internet, e o Estante Virtual, onde seu sebo está hoje hospedado.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Livraria Argumento

Livraria Argumento
Rio de Janeiro, RJ

Ir ao Rio de Janeiro sem passar pela Argumento do Leblon (a foto, que eu tirei do site, mostra a fachada de Copacabana) não tem a menor graça - pelo menos para mim. Rata que sou de livraria, geralmente conheço bem os lançamentos da semana; vá lá, os do mês. Mesmo assim, sempre encontro alguma novidade nessa loja carioca. Quando ali estive pela última vez, no final de 2004, levei, entre outros, um infanto-juvenil que contava a história de Dom Pedro I e um volume pequenininho, todo ilustrado e muito bonito, sobre Darwin, nenhum dos quais eu havia visto em São Paulo.

Fora os títulos que falam do Rio de Janeiro, ou dos ícones da cidade. Acho que na Argumento consigo encontrar, a qualquer hora, o livro de receitas do Celeiro, um restaurante quase vizinho à livraria - e que, mesmo depois de reeditado, não fica tão à mostra nem nas grandes livrarias de São Paulo, como a Cultura. E ainda tem o Café Severino, nos fundos da loja, que não prima(va) pelo atendimento simpático nem pelo sabor do pão de queijo (hoje acho que mudou tudo, tem até saladas e pratos rápidos), mas mesmo assim é um lugar bacana pra marcar de encontrar algum amigo carioca e tomar um suco enquanto os assuntos são colocados em dia.

Dantes

Dantes
Rio de Janeiro, RJ

Eu tenho medo de altura - e isso não quer dizer apenas que eu nunca subi ao alto da Torre Eiffel, ao Pão de Açúcar ou ao Empire State. Tenho vertigem em elevador panorâmico. Não gosto de subir em cadeira para trocar lâmpadas. Pois, com tudo isso, passei momentos muito felizes em cima de uma escada meio suspeita para xeretar as prateleiras mais altas do finado sebo Dantes, que ficava na rua Dias Ferreira, no Leblon. A loja, vejo hoje no site, não existe mais: deu lugar a uma editora que já lançou, entre outros, títulos de João do Rio, Ana Miranda e o Seis problemas para dom Isidro Parodi, escrito sob pseudônimo pela dupla Borges & Bioy Casares.

Pena. Escondido por trás de uma portinha, o sebo da Dias Ferreira, mesmo pequeno, convidava a horas de investigação em busca de edições antigas e outras difíceis de serem encontradas por aí. Confesso que só superei o medo da escada - daquelas com rodízios, que se apóiam nas paredes, e que me obrigaram a me agarrar às estantes, com medo de cair - quando vi que, nas prateleiras mais altas, estava a coleção do Lima Barreto. Foi ali que achei, para dar de presente a um amigo muito querido, O cemitério dos vivos, em que Lima Barreto conta sobre o tempo que passou internado num hospício. Do mesmo autor, comprei ainda dois volumes de sua correspondência. Uma edição antiga das crônicas do Machado de Assis. Um livro de Guimarães Passos, um sujeito que, por certo tempo, fez parte de uma pesquisa literária que eu empreendi com esse mesmo amigo.

Eu voltaria à Dantes tantas vezes quanto voltasse ao Rio de Janeiro.

sábado, 27 de junho de 2009

Strand

Strand
Nova York, Estados Unidos

Como eu morei na cidade, e costumo visitá-la sempre que posso, não é raro que amigos peçam dicas de passeios quando vão a Nova York. Para os de espírito artístico eu indico o MoMA, museu de arte moderna que passou por uma reforma há alguns anos e está melhor do que nunca, seis andares que valem um dia inteiro lá dentro. Quem está a fim de comer bem e barato recebe o endereço do Gray's Papaya da rua 72, onde dois hot-dogs deliciosos custam menos que uma nota de 5 dólares. Mas o que eu mais gosto de fazer é falar das livrarias da cidade. Qualquer Borders ou Barnes & Noble já vale a visita, tamanha a quantidade de títulos em exposição. Pois eles são fichinha perto do acervo da Strand, um sebo genial que se gaba de ter 18 milhas - quase 29 quilômetros - de livros.

Felizmente, na última vez em que estive na Strand, em 2008, o aspecto poeirento e um tanto caótico da loja havia melhorado muito. Mas ainda é difícil encontrar, lá, qualquer coisa que já não esteja antes na sua cabeça. Eu fui querendo uma biografia do Kennedy - encontrei uma estante inteira, do chão ao teto, com biografias do Kennedy. E pra saber qual deles valia a pena? Saí de mãos vazias. Então o bom é fazer uma listinha, ou preparar-se para ficar horas vasculhando as estantes de temas específicos. Certa vez encontrei, baratíssimos, diversos livros antigos sobre enfeites de Natal (eu estava num pique decorativo). E foi lá que comprei meu It must have been something I ate, na época recém-lançado, a continuação de O homem que comeu de tudo.

E vale, principalmente, percorrer a Borders e a Barnes & Noble em busca de lançamentos, anotar o que for interessante e depois procurar os títulos na Strand. No térreo, uma parte desse sebo não-convencional reúne diversas novidades, algumas com pequenos defeitos - páginas mal-refiladas, uma mancha de tinta na capa, a lombada que saiu um pouco torta -, outras saídas do departamento de divulgação das editoras, a preços mais baixos que nas livrarias convencionais. Com a informatização do catálogo, também ficou mais fácil encontrar o que se procura, desde que você tenha paciência para aguardar na fila de gente que se forma querendo informações.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Livraria da Vila

Livraria da Vila
São Paulo, SP

Hoje, depois do almoço, tomei um café na Livraria da Vila. O tempo era curto, por isso passei direto pelas estantes, sem olhar ao menos as novidades. Porque, ali, é assim: se eu parar pra ver alguma coisa, não há chance de sair tão cedo. Principalmente nas mesas com lançamentos, logo na entrada da loja. É impressionante como, na Livraria da Vila, essas mesas parecem reunir tudo o que eu tenho vontade de ler. É como se alguém soubesse do meu gosto literário e colocasse tudo ali, junto, pra eu cair na tentação de estourar o cartão de crédito em livros, mais uma vez. Em minha visita anterior, saí com o novo Vila-Matas, que ainda não li, e os dois Fred Vargas que devorei na viagem a Paris.

No andar de baixo - que leva ao agradável café, com algumas mesas de madeira ao ar livre, outras sob as árvores - fica uma das melhores seções de livros infantis e infanto-juvenis que eu já vi. Preciso ir um dia, com calma, pra ficar apenas ali, em busca de alguns títulos da minha infância; quem sabe foram relançados? Quem sabe encontro por ali, perdidos, A toca da coruja e outros volumes dos quais guardo apenas uma lembrança embaçada?

Há outros dois endereços da Livraria da Vila em São Paulo - e, já faz alguns anos, ela tem sido a livraria oficial da Flip, em Parati. A loja da alameda Lorena, nos Jardins, não me encantou tanto; pareceu um grande caixotão, muito mais impessoal que a da Fradique. Na loja do shopping Cidade Jardim estive apenas uma vez, por acaso, no dia da inauguração. Achei que prometia. Espaçosa, com muitos livros de arte e uma boa revistaria, parecia convidar a uma visita mais extensa.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Olsson's Books and Records

Olsson's Books and Records
Washington DC, Estados Unidos

Que tristeza procurar o site da Olsson's e ver que a loja fechou em setembro de 2008. Passei, ali, diversos bons momentos, e fiz ótimas compras nos invernos de 2007 e 2008. Maldita crise. A Olsson's era o tipo de livraria aconchegante e receptiva como já não se vê muito por aí - não foi à toa que pediu falência, com tanta Borders e Barnes & Noble espalhadas por Washington. Eu não tenho nada contra grandes redes, desde que sejam boas, e gosto tanto da Borders quanto da B&N, temas de futuros posts. Mas bem que, num mundo mais Pollyanna, grandes e pequenas livrarias poderiam ter, cada uma, seu lugar garantido.

A Olsson's vendia lançamentos, como qualquer outra loja, mas o grande barato de passar uma manhã inteira ali era vasculhar as mesas com livros em promoção e conferir, um por um, os títulos das estantes de culinária, obras de referência, literatura policial, guias de viagem. Encontrei, na seção de descontos, bons livros com preços especialíssimos. Coisas que podem parecer bestas, como uma reedição do dicionário do Samuel Johnson, mas que só poderiam ter sido compradas num lugar com o clima meio conspirador da Olsson's; um lugar que fazia ter vontade de levar adiante projetos, sentar e finalmente escrever.

Shakespeare and Company

Shakespeare and Company
Paris, França

Já fazia um tempo que eu tinha a ideia de inaugurar, aqui, uma série de posts sobre livrarias. E acabei me convencendo depois de visitar a Shakespeare and Company, em Paris, um dos lugares mais sui generis em que já estive. Misto de sebo, ponto de encontro e uma espécie de biblioteca - os livros do primeiro andar não estão à venda, mas podem ser consultados à vontade numa sala comunitária, com poltronas e sofás -, a loja aberta por George Whitman em 1951 virou atração turística da cidade. Você dá de cara com ela, na margem esquerda do Sena, na altura da Notre-Dame, e se espanta com a quantidade de gente com câmera em punho, tirando fotos da fachada, do antiquário anexo, das bancas com ofertas expostas no recuo da calçada.

Entrei na loja como quem entra em um pedaço de história literária. Primeira impressão: o cheiro. Livro velho e gente suja. Imagino o que aquilo não deve ser no inverno, época em que Jeremy Mercer morou na livraria. Sim, porque uma das características da Shakespeare and Company é abrigar estudantes e escritores-to-be em camas espalhadas pelos andares da loja. Não consegui ver nenhuma, tamanho o trânsito de gente e a estreiteza dos corredores, forrados de estantes com livros do chão ao teto, alguns caindo pra fora, outros empilhados no piso. Mas vi o cubículo de madeira com uma velha máquina de escrever e uma luz fraca sobre ela, onde os sem-computador ainda devem batucar romances. Vi a placa que recebe quem chega ao primeiro andar, e que diz Be not inhospitable to strangers / lest they be angels in disguise. Vi as cadeiras de tecido vermelho sob a escada toda torta, à disposição para quem quiser passar ali algumas horas de leitura grátis.

Fiquei me perguntando como achar alguma coisa em meio àquele acervo tão grande e, aparentemente, tão fragmentado. Uma olhada breve pelas estantes revelou prateleiras dedicadas à filosofia, ao teatro, à literatura estrangeira - de língua não-francesa, já que é o inglês o idioma oficial. No térreo, uma bancada reúne livros novos; edições novas, não necessariamente lançamentos. Aproveitei para comprar The corrections, do Jonathan Franzen, mais um para minha sempre crescente lista de livros a serem lidos.

Na saída, uma última olhada para a fachada da loja revela a placa com o rosto de Shakespeare e uma frase que eu não tinha lido antes, tamanha a ansiedade para entrar. Ela resume bem o espírito da livraria - e, de verdade, do que eu considero essencial para a vida. While thy booke doth live / And we have wits to read / And praise to give / Thou art alive still.