Seis problemas para dom Isidro Parodi / Duas fantasias memoráveis
H. Bustos Domecq (Globo, 2008)
A capa do livro revela seus verdadeiros autores: Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares, que nos anos 40 escreveram, a quatro mãos, algumas histórias assinadas com o pseudônimo de H. Bustos Domecq. E já que Domecq resultou em algo muito diferente das escritas de Borges e de Bioy Casares, nada mais justo que conceder ao livro sua real autoria - claro que, por razões mercadológicas, não é Domecq que aparece na capa...
Preciso admitir que não li as Duas fantasias memoráveis. Os Seis problemas... já haviam me cansado muito. Borges e Bioy - ou melhor, H.B.D. - não economizaram na verborragia de seus personagens, em discursos capazes de entediar até dom Isidro Parodi, feito presidiário por engano e alçado ao posto de detetive; que dirá o leitor. O melhor do livro, portanto, não está nele, e sim na idéia dele. Na possibilidade de dois amigos escreverem juntos da maneira que melhor lhes aprouvesse, sem qualquer compromisso estilístico, com a crítica, com ninguém. Eu quase consigo imaginar os dois sentados à mesa da fazenda de Bioy, rindo às gargalhadas com as private jokes que inseriram nas histórias. E quase consegui fazer isso uma vez, porque escrever em dupla algo um tanto nonsense e cheio de referências pessoais é um dos grandes sonhos que ainda mantenho. Encontrei meu Borges - porque eu sou muito mais Bioy -, mas assim como seu herói argentino, ele ficou cego antes do tempo.
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