domingo, 28 de março de 2010

Alice no país das maravilhas

Alice no país das maravilhas
Lewis Carroll (CosacNaify, 2009)

Muitos anos atrás, tentei ler Alice no país das maravilhas no original, em inglês - era um pocket book que incluia, também, Alice através do espelho. Devo ter deixado o livro de lado depois da terceira página, vítima da mesma incompetência mental que, até hoje, me impede de ler Guimarães Rosa. O inglês de Lewis Carroll é cheio de neologismos e nomes que eu não entendia, e que somem e aparecem e somem e aparecem como os próprios personagens. O melhor que fiz, portanto, foi retomar Alice nesta tradução de Nicolau Sevcenko, lançada ano passado pela CosacNaify numa edição linda, em que as ilustrações de Luiz Zerbini - figuras saídas das cartas do baralho - valem quase tanto quanto o texto.

A história, todo mundo conhece por causa do desenho animado de Walt Disney - que espero rever, em breve, para poder comparar com o livro, pois algumas de minhas lembranças não fazem parte da tradução de Sevcenko. Uma delas é a festa de desaniversário, quando Alice conhece a Lebre e o Chapeleiro; na edição da CosacNaify, os dois estão apenas tomando chá, sem comemorar coisa alguma, mas trata-se de reunião das mais divertidas, que inclui, ainda, uma marmota: cada um mais louco do que o outro, falando coisas que quase nunca fazem sentido (mas que fazem pensar).

Gostaria de rever o filme, também, para saber até que ponto a trama foi infantilizada. Ok, é conhecida a história de que Lewis Carroll (pseudônimo de Charles Dodgson) escreveu Alice para a filha de um amigo, durante um passeio de barco. Mas, por mais inteligentes que fossem as garotas vitorianas (no posfácio, Sevcenko faz uma boa análise da importância da obra para a época em que foi lançada), tudo é tão pioneiramente surrealista que eu sinceramente não sei até que ponto as crianças conseguem apreender tudo aquilo - mas talvez eu não tenha contato suficiente com elas para saber do que são capazes. Para mim, de qualquer forma, Alice no país das maravilhas será sempre o mais adulto dos livros infantis.

Um comentário:

Anônimo disse...

É verdade, isabel, eu achei bem adulta essa edição e tradução do sevcenko, e amei de paixão a edição da cosac, o livro vem numa caixinha, tipo caixa de baralho muito linda, e as ilustrações, que maravilha, enfim tudo, tudo é muito bonito.
Também estou ansiosa para ver o filme, parece muito bom tb.
um abraço,
clara