Alice no país das maravilhas
Lewis Carroll (CosacNaify, 2009)
Muitos anos atrás, tentei ler Alice no país das maravilhas no original, em inglês - era um pocket book que incluia, também, Alice através do espelho. Devo ter deixado o livro de lado depois da terceira página, vítima da mesma incompetência mental que, até hoje, me impede de ler Guimarães Rosa. O inglês de Lewis Carroll é cheio de neologismos e nomes que eu não entendia, e que somem e aparecem e somem e aparecem como os próprios personagens. O melhor que fiz, portanto, foi retomar Alice nesta tradução de Nicolau Sevcenko, lançada ano passado pela CosacNaify numa edição linda, em que as ilustrações de Luiz Zerbini - figuras saídas das cartas do baralho - valem quase tanto quanto o texto.
A história, todo mundo conhece por causa do desenho animado de Walt Disney - que espero rever, em breve, para poder comparar com o livro, pois algumas de minhas lembranças não fazem parte da tradução de Sevcenko. Uma delas é a festa de desaniversário, quando Alice conhece a Lebre e o Chapeleiro; na edição da CosacNaify, os dois estão apenas tomando chá, sem comemorar coisa alguma, mas trata-se de reunião das mais divertidas, que inclui, ainda, uma marmota: cada um mais louco do que o outro, falando coisas que quase nunca fazem sentido (mas que fazem pensar).
Gostaria de rever o filme, também, para saber até que ponto a trama foi infantilizada. Ok, é conhecida a história de que Lewis Carroll (pseudônimo de Charles Dodgson) escreveu Alice para a filha de um amigo, durante um passeio de barco. Mas, por mais inteligentes que fossem as garotas vitorianas (no posfácio, Sevcenko faz uma boa análise da importância da obra para a época em que foi lançada), tudo é tão pioneiramente surrealista que eu sinceramente não sei até que ponto as crianças conseguem apreender tudo aquilo - mas talvez eu não tenha contato suficiente com elas para saber do que são capazes. Para mim, de qualquer forma, Alice no país das maravilhas será sempre o mais adulto dos livros infantis.
domingo, 28 de março de 2010
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Um comentário:
É verdade, isabel, eu achei bem adulta essa edição e tradução do sevcenko, e amei de paixão a edição da cosac, o livro vem numa caixinha, tipo caixa de baralho muito linda, e as ilustrações, que maravilha, enfim tudo, tudo é muito bonito.
Também estou ansiosa para ver o filme, parece muito bom tb.
um abraço,
clara
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