Jeffrey Steingarten (Companhia das Letras, 2000)
Quando Jeffrey Steingarten decidiu trocar a profissão de advogado pela de crítico gastronômico da revista Vogue, impôs a si mesmo um teste rigoroso: ele devia fazer um esforço e passar um tempo comendo várias das coisas de que não gostava. Ou, como ele mesmo diz, teria que enfrentar suas fobias alimentares. E passou no teste, salvo algumas exceções - ele continua sem comer sobremesas em restaurantes indianos, que para ele têm gosto e textura de cremes faciais (e fala mal do rasmalay, um delicioso creminho de leite com cardamomo! Ele podia tentar o do Govinda, em São Paulo).
Ou seja: Steingarten se propõe a comer de tudo mesmo. Pode ser o caríssimo bife de gado wagyu japonês, tratado com cerveja e massagem. Podem ser trufas que ele viu serem rastreadas pelos cães farejadores do Piemonte, na Itália. Mas também podem ser pombos recheados, miúdos e vísceras, um porco inteiro - adoro esse capítulo, sobre um concurso de porco assado em Memphis (ando com mania de costelinhas suínas). O principal é que Steingarten é muito mais bem humorado que vários de seus colegas escritores (como Anthony Bourdain, que depois de desvendar os bastidores dos restaurantes saiu pelo mundo escrevendo sobre viagens gastronômicas). O homem que comeu de tudo só tem um problema: não dá pra ler quando a gente está com fome.
Um comentário:
E a continuação "Deve ter sido alguma coisa que eu comi" também é ótima. O capítulo sobre SAL é hilário.
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