domingo, 11 de janeiro de 2009

Sábado

Sábado
Ian McEwan (Companhia das Letras, 2005)

Eu estava na Flip de 2004 quando Ian McEwan falou sobre o romance que havia terminado de escrever, Sábado. Leu um trecho do livro e contou, para minha profunda inveja, que sua pesquisa sobre o trabalho de um neurocirurgião o levara até a acompanhar uma cirurgia (ou teria ele apenas entrevistado longamente um médico? Tanto faz. Deve ter sido fascinante de todo jeito). Disse ter conhecido um médico que operava ao som de música erudita, assim como seu personagem, e que precisou consultar vários compêndios de medicina para não escrever bobagem na hora de descrever uma cirurgia.

Falou-se muito que Sábado não aguentaria a comparação com o sensacional romance anterior de McEwan, Reparação. Não concordo. Ambos são ótimos, cada um a seu jeito. Falou-se também sobre a importância desse romance de peso para definir os comportamentos pós-11 de setembro. Acho exagero. Embora pai e filha, na história, discutam muito sobre a possível invasão do Iraque, o pano de fundo da trama - uma enorme manifestação, em Londres, contra a guerra iminente - não passa disso: um pano de fundo. (A respeito dos atentados ao World Trade Center, muito mais dedo-na-ferida, pra mim, é Extremamente alto e incrivelmente perto.)

McEwan descreve um dia que teria tudo para ser bom na vida de Henry Perowne: ele vai cedo jogar squash, prepara-se para receber a filha poeta, compra os ingredientes do jantar que pretende fazer, transa com a mulher, ouve a música do filho. Até que dois sujeitos que haviam batido em seu carro, mais cedo, invadem sua casa. E colocam tudo de pernas pro ar.

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