quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Erico Verissimo

Erico Verissimo
Instituto Moreira Salles, 2003

Consta que, quando perguntado se podia dar uma declaração sobre Luis Fernando Verissimo para uma reportagem da revista Veja, Fernando Henrique Cardoso teria dito: "Verissimo, pra mim, só o Erico". Eu provavelmente responderia o mesmo. Não tenho nada contra o Luis Fernando, ao contrário. Mesmo com aquele jeito de tartaruguinha tímida, ele é muito simpático e eu gosto de Traçando New York e dos outros livros da série. Mas Erico é diferente. Erico é Literatura com L maiúsculo.

Esse é o 16º volume dos Cadernos de Literatura Brasileira, uma bela iniciativa do Instituto Moreira Salles - que edita, acredito que a cada seis meses, um volume inteiro sobre algum de nossos escritores. Ilustrado com belas fotos preto-e-branco (há um capítulo de Cristiano Mascaro sobre Porto Alegre e outro, de Edu Simões, sobre o interior gaúcho), o livrão traz uma cronologia, trechos de entrevistas concedidas por Verissimo a diversos jornais e revistas, ensaios sobre sua obra. Pra mim, o melhor de tudo é "Manuscritos/inéditos", com partes de um romance que EV deixou inacabado. Estão lá não apenas parágrafos inteiros do texto como reproduções coloridas de algumas páginas dos cadernos que ele usava para fazer anotações. Primeira descoberta: ele escrevia suas ideias tanto em português quanto em inglês. Segunda: ele desenhava seus próprios personagens. Acho um privilégio poder espiar a cabeça do escritor e conhecer seu método de trabalho. É claro que não existe fórmula, o que deixa tudo mais fascinante. Verissimo fazia assim, Cortázar daquele jeito, cada um descobre a melhor maneira de trabalhar e criar.

E para quem chegou até esse post porque digitou "árvore genealógica de O tempo e o vento" no Google, sinto muito. Vai ter que procurar em outro blog, abrir o bolso e comprar esse livro ou, muito melhor, largar a preguiça de lado e partir para a leitura da obra-prima de Verissimo.

3 comentários:

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Também prefiro o pai ao filho. E esta é, provavelmente, a única situação na qual eu concordo com o FHC.

Meu pai tinha em sua estante uma enorme coleção de livros do Erico Veríssimo da qual, ele apenas leu um volume, Olhai os lírios do campo. Era uma coleção com encadernação luxuosa que, provavelmente foi comprada para embelezar a estante da sala. Um dia, precisando de dinheiro resolveu vendê-la e colocou um anúncio no jornal:

"Vende-se coleção completa de H. Veríssimo".

Não sei de onde foi que ele tirou o H, mas este erro, provavelmente desestimulou algum eventual comprador e nos salvou de perder os livros. Assim, pude ler, com grande interesse, os primeiros volumes de O Tempo e o Vento.

Isabel Pinheiro disse...

Arnaldo, que história ótima! Você ainda tem essa coleção? Um abraço

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Não sei se ainda está na casa do meu pai. No fim de semana eu vou dar uma passada lá e vou perguntar pra ele.