Gabriel García Márquez (Record, 1985)
“'Nós, homens, somos uns pobres criados dos preconceitos', ele tinha dito certa vez. 'Em compensação, quando uma mulher resolve dormir com um homem não há barreira que não salte, nem fortaleza que não derrube, nem consideração moral nenhuma que não esteja disposta a varar de lado a lado: não há Deus que valha'".
É dessa passagem muito esclarecedora, devidamente anotada no meu caderninho, que eu primeiro me lembro quando penso em O amor nos tempos do cólera. Não sei agora a que personagem o autor se referia, mas tanto faz: taí uma grande verdade. Só que García Márquez brinca com o próprio texto e coloca seus dois protagonistas numa grande trapalhada. Fermina Daza também era uma criada dos preconceitos quando conheceu Florentino Ariza. E é ele, na verdade, que procura saltar barreiras e derrubar fortalezas para conquistar seu amor da vida inteira. Penso no diálogo final da história e fico emocionada de alegria e beleza - O amor nos tempos do cólera me tocou muito mais do que Cem anos de solidão.
2 comentários:
Tá vendo como você já leu um Prêmio Nobel? (= Deve haver outros -provavelmente, você é que não está lembrada. Beijos!
Saramago também. Mas aquele post do Auden tinha que ser dramático... ;-)
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