Love letters
Organizado por Antonia Fraser (Crescent Books, 1995)
Eu me lembro direitinho do dia em que comprei esse livro, há mais de dez anos: a livraria que já não existe mais, o homem que estava comigo, o casaco que eu vestia, a temperatura que fazia lá fora. Um pouco antes eu tinha visto Carrington, um filme belo, chato e triste que conta a história do amor entre a pintora Dora Carrington, vivida por Emma Thompson, e o escritor homossexual Lytton Strachey. Até hoje acho que são deles as cartas mais tocantes desse livro, incluídas no capítulo Total Love. (Há vários outros, como Declarations, Pleas, Jealousies, Separations e Farewells, com a troca de correspondência entre James Joyce e Nora Barnacle, Zelda e F. Scott Fitzgerald, Napoleão e Josefina, Henrique VIII e Ana Bolena...)
De certa maneira, eu encontrei num trecho da carta de Lytton a descrição do que havia se tornado o sentimento daquele homem por mim - com a diferença de que ele não era, não é, gay. Doeu. Durante muito tempo, eu chorei ao ler as palavras de Lytton Strachey, principalmente as frases que destaquei abaixo. Mas, como o tempo cura tudo, hoje elas provocam em mim apenas um sorriso de felicidade. Porque apesar de tantos fatores contrários, meu amor também pôde evoluir e se transformar no amor mais verdadeiro que existe, o da amizade. E permanece vivo até hoje.
(...) Oh, my dear, do you really want me to tell you that I "love you as a friend"? But of course this is absurd, and you do know very well that I love you as something more than a friend, your angelic creature, whose goodness to me has made me happy for years, and whose presence in my life has been, and always will be, one of the most important things in it. Your letter made me cry. I feel a poor old miserable creature, and I may have brought more unhappiness to you than anything else. I only pray that it is not so, and that my love for you, even though is not what you desire, may yet make our relationship a blessing to you - as it has been to me. Remember that I too have never had my moon! We are all helpless in these things - dreadfully helpless. (...)
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