Bernardo Soares (Companhia das Letras, 2006)
Faço questão de registrar o nome correto do autor: Bernardo Soares. Um dos vários heterônimos de Fernando Pessoa. Se o sujeito escreveu e assinou como Bernardo Soares, é assim que o nome deveria aparecer na capa - mas Fernando Pessoa, da mesma forma que Borges e Bioy Casares, vende mais... Que raiva, e que falta de respeito. Meu nome verdadeiro não é Isabel Pinheiro. Mas é como Isabel que eu escrevo. Eu me sinto à vontade na pele de Isabel. Odiaria morrer e saber que alguém publicou o que escrevi porque meu outro nome, o que está no RG, conta mais que o pseudônimo. Ainda bem que morre-se, pronto.
Não conheço tanto de Fernando Pessoa e de seus heterônimos quanto poderia conhecer; nunca sei se o homem do interior é Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro. É que comecei Pessoa aos 16 anos, com o Livro do desassossego. E Bernardo Soares assusta. Pela vida medíocre, pela desilusão constante, pela visão acanhada, pelas frases anavalhadas. O Livro do desassossego é cruel: se você está bem e o pega pra ler, fica mal; se você está mal e o pega pra ler, tem vontade de cortar os pulsos - daí vem meu medo respeitoso por Pessoa. Mas Bernardo Soares conseguiu ser genial. É dele uma frase que serve de epígrafe não apenas para o que quer que eu possa escrever, mas para a minha vida: "Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir."
3 comentários:
O livro do Desassossego para mim é genial! Leio-o e releio-o até hoje desde uns 5 anos atrás, quando o descobri...
Gostei muito do seu comentário sobre ele e sobre a questão do heterônimo. Concordo contigo.
Adorei teu blog!
O Livro do Desassossego é genial. Leio-o e Releio-o desde uns 5 anos atrás quando o descobri.
Seu comentário ficou muito legal, concordo contigo quanto a questão do heterônimo, que, diga-se de passagem, acontece com toda a obra do Pessoa.
E parabéns pelo blog, está muito bom!
Afonso, que bacana, muito obrigada! Um dia hei de aprender mais sobre os heterônimos de Pessoa. Um abraço,
Postar um comentário