domingo, 6 de julho de 2008

Flicts

Flicts
Ziraldo (Melhoramentos, 2003)

Eu não esqueço a emoção de ter chegado ao fim de Flicts pela primeira vez, e sou capaz de sentir o mesmo arrepio de grand finale sempre que o leio de novo - pra completar, me lembro da frase final cantada apoteoticamente num musical gravado em disco acho que nos anos 80, mais um motivo para eu me emocionar. Sempre gostei de finais apoteóticos.

Esse talvez seja o melhor livro infantil de Ziraldo, junto com O menino maluquinho. Conta a história de uma cor, Flicts, que não existia em lugar nenhum do mundo, nem na natureza, nem nas caixas de lápis coloridos. Flicts então era esnobado, botado pra escanteio pelas outras cores, e tinha uma auto-estima no pé. Até que... A tentação de reproduzir aqui a frase final do livro é grande, mas prefiro guardá-la do meu jeito emocionado.

Em alguma Bienal do Livro dos anos 90, Ziraldo causou polêmica ao criar um botton que dizia "Ler é mais importante que estudar". Concordei inteiramente. Por essas e outras, eu o tinha como uma espécie de modelo das coisas sensatas da vida. Até que, no começo dos anos 2000, eu esperava pacientemente numa fila de embarque enorme no aeroporto Santos Dumont, no Rio, até fazer o check-in para São Paulo. De longe, lá vem ele: cabelos brancos bem cuidados, o colete inseparável. E Ziraldo, então... fura a fila, alegando um compromisso, e embarca antes de todo mundo. Flicts teria se envergonhado.

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