quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O código Da Vinci

O código Da Vinci
Dan Brown (Sextante, 2004)

Li O código Da Vinci em inglês, por indicação de um amigo dos Estados Unidos, antes que fosse lançado no Brasil e virasse a febre que virou. Adorei. É claro que a narrativa de Dan Brown não tem nada de especial, diria que nada de literário; parece um roteiro hollywoodiano (como de fato depois se tornou) com viés de romance. Também não é verossímil - a imediata suspeita que cai sobre Robert Langdon, o jeito como ele escapa do Louvre, as rocambolescas perseguições e fugas pelas ruas de Paris, nada disso pertence ao território do minimamente possível. Mas Dan Brown não virou best seller por acaso: ele conta uma história danada de boa. E, nesse ponto, a narrativa entrecortada até ajuda: cria um clima de suspense e provoca no leitor um desejo quase cruel de avançar logo as páginas para saber "o que vem depois".

A história já está mais do que manjada: durante uma estadia em Paris, o professor americano Robert Langdon se vê às voltas com um mistério milenar, um assassino meio maluco e a responsabilidade sobre um segredo que pode mudar os rumos do mundo. Ao lado da criptologista francesa Sophie Neveu e do historiador inglês Leigh Teabing, Langdon usa e abusa de seus conhecimentos de simbologia - e os três, juntos, chegam à solução de uma trama que, durante séculos, a Igreja Católica tentou esconder.

Só lendo O código Da Vinci para conseguir entender porque é tão assustadora (embora muito divertida) a polêmica que se criou a seu respeito. Fundamentalistas católicos, representantes da Opus Dei e milhões de fiéis no mundo inteiro manifestaram-se contra o livro, que vai de embate a alguns dos dogmas mais arraigados do cristianismo. É impressionante - daí, assustador - ver como, em pleno século 21, ainda tem gente que confunde ficção com realidade. Ao escritor deve ser garantida total liberdade de assuntos. Lê quem quer. Quem não quer ainda tem a chance de ganhar dinheiro às custas alheias, como fizeram dezenas de autores que, na cola do livro, lançaram obras de pretensas denúncias e esclarecimentos sobre um assunto que nunca deveria ter saído do âmbito ao qual pertence: a ficção.

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