terça-feira, 20 de novembro de 2007

Macau

Macau
Paulo Henriques Britto (Companhia das Letras, 2003)

Meu conhecimento sobre poesia resume-se a "gosto" ou "não gosto". Nada entendo de métrica, forma, lírica e rimas. Até hoje, um poema que me emociona demais toda vez que o leio, e portanto costumo chamá-lo de meu preferido, é Ephemera, de William Butler Yeats. Outro é Ausência, de Vinicius de Moraes - o verso "Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado" já serviu como epígrafe de um texto que escrevi. Baseada em referências que não vão muito além dessas, eu posso dizer que gosto, e muito, de Macau, vencedor merecido do prêmio Portugal Telecom de 2004.

Professor de respeito e ótimo tradutor de William Faulkner, Philip Roth, Elizabeth Bishop e John Updike, entre outros (é dele a tradução do excelente Reparação, de Ian McEwan), Paulo Henriques Britto criou uma obra tão consistente quando reduzida. Macau tem apenas 80 páginas, todas cheias de densidade. O título de alguns poemas brinca com a própria forma: Três tercinas, Sete sonetos simétricos, Dez sonetóides mancos. Outros antevêem o tema: Acalanto, Três pactos de morte. Meu preferido são as Três tercinas, tão profundamente simples e tão profundamente apropriadas para uma recente fase da minha vida. Acho que é preciso um certo gênio pra escrever versos assim.

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