quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Três tercinas

Três tercinas
Paulo Henriques Britto

I

Para o que se quer, isto basta.
Parece pouco. E é pouco, mesmo,
é quase um nada. E no entanto

cabe um bocado, cabe tanto
que é até preciso dar um basta.
Quanto ao assunto - o si-mesmo -

é invariavelmente o mesmo.
Um ponto. Um fragmento. Entretanto
é um universo que se basta -

e como! e tanto! - a si mesmo.
E agora basta.

II

A word, a will, an eye, a hand -
that's what it takes to make a world.
All else follows from that, you say.

It may well be just as you say.
I could, of course, give you offhand
five other versions of the world -

save that I wouldn't for the world
find fault with anything you say.
Caution and love go hand in hand.

What did you say about the world?
Give me your hand.

III

Nunca não ser ninguém nem nada,
porém deixar-se estar no tempo
como se a vida fosse água,

como quem bóia à flor da água
sem rumo, sem remo, sem nada
além de sono, tédio e tempo,

senhor de todo o espaço e o tempo,
munido só de pão e água
e, sem precisar de mais nada,

beber sua água enquanto é tempo.
E, depois, nada.

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