Cartas a um jovem terapeuta
Contardo Calligaris (Campus, 2007)
Contardo Calligaris é o único colunista da Ilustrada que eu ainda faço questão de ler. Primeiro, ele escreve bem. Depois, tem sempre um comentário belamente reflexivo sobre uma notícia recente, um filme em cartaz, um livro, um disco - ou sobre qualquer aspecto da vida em geral. Foram particularmente brilhantes seu texto sobre o suicídio ("O ato suicida guarda sua dignidade porque é imprevisível como qualquer ato humano"), em setembro/2007, e um outro, mais antigo, que tenta responder "por que somos infelizes em amor" numa excelente sacada a partir do filme Closer.
Seu Cartas a um jovem terapeuta faz parte de uma coleção de livros que trazem, como autores, sempre alguém bem-sucedido em sua profissão. A tarefa é comentar a lida e dar dicas para quem queira seguir tal ou tal carreira - há cartas para um jovem publicitário, empreendedor, político, advogado, chef, atleta e até aos jovens indecisos. Calligaris dá conta do recado: trata de questões como o que é preciso para se sair bem na profissão, a importância do próprio terapeuta passar por terapia, qual a formação desejável. Para quem, como eu, não quer se transformar em terapeuta mas apenas "ouvir" o que ele tem a dizer, às vezes o livro fica chatinho. Vale, porém, por dois aspectos: as ocasiões em que ele fala de experiências pessoais (e como seria bacana ler mais sobre isso!) e o penúltimo capítulo, sobre infância, traumas e a importância de voltar no tempo para tentar compreender atitudes posteriores e nossa relação com o mundo. É um capítulo que vale pelo livro todo.
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2 comentários:
Tá certo que não sou o Sérgio Rodrigues, mas escolhi esse post para tentar incentivar vc a voltar para sua terapia que mais me agradava: escrever sobre suas afetividades literárias! E comentários (apesar de às vezes me dar um medinho) me estimulam a continuar escrevendo sobre os assuntos que gosto.
Bem, eu gosto muito do começo do livro, acho o meio chato, enrolado (parece não sair muito do lugar) e, no fim, volta ser muito bom. Um sanduíche ao contrário, eu diria.
E como ele disse que Freud disse: "a gente nunca consegue transmitir o que sabe de melhor", eu completaria: mesmo assim a gente continua tentando.
Isabel, continue!
Parece ser um bom livro!
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