Carlos Maranhão (Companhia das Letras, 2004)
Ao lado de Lúcia Machado de Almeida (O caso da borboleta Atíria, Spharion, O escaravelho do diabo) e Maria José Dupré (A ilha perdida, A montanha encantada, O cachorrinho Samba), Marcos Rey está para sempre ligado à coleção Vaga-Lume, que criança nenhuma perdia nos anos 70 e 80. Seu primeiro livro para a série da editora Ática foi O mistério do cinco estrelas, mais tarde seguido por O rapto do garoto de ouro e Um cadáver ouve rádio. Ao contrário da maioria de seus colegas de coleção, que ambientavam suas histórias em fazendas, florestas, cidades do interior e até no espaço, Marcos Rey fez do espaço urbano um coadjuvante para suas histórias. Léo, Gino e Angela, personagens de sua trilogia detetivesca, vivem em São Paulo e é nessa cidade que precisam desvendar um assassinato em O mistério do cinco estrelas.
Ok, mas estou falando de outro livro. Maldição e glória não tem crimes, trio de amigos detetives nem hotéis classudos. Ao contrário: começa às voltas com um garoto portador de hanseníase - a lepra - e, por isso, condenado a viver escondido para não ir parar nos sanatórios onde os doentes eram confinados. Marcos Rey, o garoto doente, evitou falar de sua condição por quase toda a vida. Da mesma maneira, foi só nos anos 80, com quase 60 anos de idade, que admitiu ter sido roteirista de pornochanchadas para a Boca do Lixo paulistana. Essas e outras histórias, como as passagens pelo rádio, TV, cinema, publicidade e teatro, estão reunidas nesta bem escrita biografia, que só não é melhor porque... bem, porque a vida de Marcos Rey não ajuda muito. O melhor, portanto, concentra-se na pior fase da vida do escritor: a luta contra a hanseníase, as internações, as seqüelas da doença - com direito a uma informação eletrizante descoberta por Carlos Maranhão e que diz muito sobre a política de saúde pública no Brasil dos anos 30.
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