Pequenas epifanias
Caio Fernando Abreu (Agir, 2006)
Comecei a ler Caio Fernando Abreu tardiamente, pouco antes de sua morte, em 1996, nas crônicas do jornal O Estado de S. Paulo. E foi um daqueles casos de pesar, um "como é que eu nunca tinha lido esse cara antes?", uma tristeza antecipada porque Caio Fernando, quando descobriu que o vírus da aids já havia se manifestado em seu corpo, escancarou a verdade no jornal, numa crônica belíssima.
Ela, ao lado de outras duas favoritas, estão reunidas neste volume póstumo, publicado ainda em 1996. O meu foi meio que trocado com um então namorado - eu fiquei com o Pequenas epifanias dele, ele levou pra sempre meu Feliz ano novo (de quebra, numa era pré-email, o ex se comunicava por escrito com o CFA; o escritor até o cita em algumas correspondências reunidas em outro volume póstumo, Cartas, editora Aeroplano, 2002). Há tempos eu percebo que sempre retorno a esse livro só para ler as duas crônicas favoritas, que têm o mesmo mês como tema: Sugestões para atravessar agosto (linda, um alento para o mês frio e comprido que joga na nossa cara o fato de outro ano já ter ido pela metade) e Agostos por dentro (muito bela, muito emocionante; eu choro). Caio já sabia que estava morrendo. E mesmo que deixasse a tristeza tomar conta de vez em quando, ainda tinha muita coisa bacana para dizer aos leitores.
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