Rodrigo Lacerda (Nova Fronteira, 1996)
Aconteceu agora há pouco. Vasculhei um armário em busca de um livro de João do Rio porque senti vontade de escrever sobre dois de seus contos. Não encontrei, mas achei outros dois volumes que a) eu não sabia que tinha; b) não me lembro de ter lido; c) não tenho a menor idéia de como vieram parar aqui. Olhos de ressaca (Capitu), de H. Pereira da Silva, é uma edição fininha de 1970 que está sem a capa de trás. Trata-se de uma peça em três atos inspirada no Dom Casmurro e que, por indicação do autor, deve começar com o fundo musical de Apenas um coração solitário. Não reconheci o livro. Não sei se ganhei de presente ou se alguém me indicou, não sei se peguei emprestado, se comprei em sebo, achei na rua ou herdei. O mais estranho é que eu não gosto de ler dramaturgia; não tenho paciência para os diálogos nem para as marcações do autor.
Mas o segundo caso é ainda pior. A dinâmica das larvas tem uma dedicatória do escritor para mim: "Para a ..., esta tragi-comédia cheia de meus fantasmas pessoais, que só a mim assombram, eu espero... Com o abração do Rodrigo Lacerda, 21.8.96". Eu tenho certeza de que não li esse livro. Eu não me lembro de ter ido a nenhuma sessão de autógrafos do Rodrigo Lacerda. Eu não me lembro de ter ganhado esse livro de ninguém (o namorado que eu tinha em agosto de 1996 também era chegado nas letras, mas nossa paixão em comum foi o Caio Fernando Abreu). Não há registro do Lacerda nem do Olhos de ressaca em minha mente, memória visual, memória afetiva, as capas não me dizem nada e a dedicatória me deixou em pânico. Será que já existe uma parte de minha vida que anda se perdendo por aí?
2 comentários:
Nessa época você bebia, isabel? só isso para explicar os lapsos...:)
beijo,
clara lopez
Não é impressionante,Clara? E não bebia muito, não... :-) Beijos
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