
Alice Sebold (Agir, 2008)
A primeira frase, bem interessante: "When all is said and done, killing my mother came easily". E por isso comprei este livro numa edição hardcover americana, por apenas 10 reais, do meu livreiro preferido. Mas, à medida em que a leitura avançava, vi que se tratava de um caso idêntico ao de O que eu amava. Em nenhum momento rolou muito entusiasmo. Não senti aquela necessidade urgente de virar as páginas pra saber o que aconteceria em seguida.
E olha que, nas primeiras 100 páginas - foi até onde eu li - Helen, a assassina, telefona para o ex-marido e confessa seu crime, vai até a casa da melhor amiga e transa com o filho dela, revolve a mente em dezenas de lembranças que tentam mostrar a indiferença, pra não dizer frieza, que a mãe lhe dedicou a vida inteira. O problema é que a narrativa, até bem-escrita, não desperta o menor sentimento. Não dá pra ter raiva da mãe, nem de Helen, nem sentir compaixão pela filha atormentada. Muito, mas muito diferente de um excelente livro sobre disfunções familiares, Precisamos falar sobre o Kevin.
Consta que The lovely bones, o primeiro livro de Alice Sebold, é melhor. E que Clair, a mãe assassinada de Quase noite, é muito parecida com a própria mãe da escritora, descrita em Lucky, seu volume de memórias. Mas, eu, por enquanto, não sinto a menor curiosidade por eles.