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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quase noite

Quase noite
Alice Sebold (Agir, 2008)

A primeira frase, bem interessante: "When all is said and done, killing my mother came easily". E por isso comprei este livro numa edição hardcover americana, por apenas 10 reais, do meu livreiro preferido. Mas, à medida em que a leitura avançava, vi que se tratava de um caso idêntico ao de O que eu amava. Em nenhum momento rolou muito entusiasmo. Não senti aquela necessidade urgente de virar as páginas pra saber o que aconteceria em seguida.

E olha que, nas primeiras 100 páginas - foi até onde eu li - Helen, a assassina, telefona para o ex-marido e confessa seu crime, vai até a casa da melhor amiga e transa com o filho dela, revolve a mente em dezenas de lembranças que tentam mostrar a indiferença, pra não dizer frieza, que a mãe lhe dedicou a vida inteira. O problema é que a narrativa, até bem-escrita, não desperta o menor sentimento. Não dá pra ter raiva da mãe, nem de Helen, nem sentir compaixão pela filha atormentada. Muito, mas muito diferente de um excelente livro sobre disfunções familiares, Precisamos falar sobre o Kevin.

Consta que The lovely bones, o primeiro livro de Alice Sebold, é melhor. E que Clair, a mãe assassinada de Quase noite, é muito parecida com a própria mãe da escritora, descrita em Lucky, seu volume de memórias. Mas, eu, por enquanto, não sinto a menor curiosidade por eles.

domingo, 12 de abril de 2009

Essays

Essays
George Orwell (Penguin, 2000)

O homem que me apresentou a esse livro saiu da minha vida de uma maneira tão rápida quanto entrou. Foi uma decepção tremenda. Por uns dias, acreditei que ele seria diferente. Especial. Ele me apresentou também ao Brodsky. Me deu de presente algumas gravações de I'm thru with love. De Orwell eu só havia lido 1984, há muito tempo. Estava animada com esse livro e já tinha lido um dos ensaios, muito bom, a respeito de good bad books - eu me lembrei de tantos dessa categoria pra escrever aqui! Agatha Christie escreveu good bad books. Rex Stout também.

Hoje é domingo de Páscoa. Eu não acredito em religião, não acredito na ressurreição, em Maomé pulando de jumento para o céu nem em Moisés abrindo as águas do Mar Vermelho. Mas não dá pra negar que certos rituais religiosos me causam certo interesse. Hoje, por exemplo, é um dia metafórico para o renascimento. Que, no meu caso, significa mover todos os emails desse homem para uma pasta escondida, apagar todas as mensagens que ele deixou no meu celular e guardar os livros, tanto o Brodsky quanto os ensaios do Orwell, numa prateleira bem escura dentro do armário - ao lado de O passado, do Alain Pauls, e de 84, Charing Cross Road, que mesmo depois de tanto tempo eu não tenho vontade de ler.

E a vida recomeça, sempre - da mesma forma que o amor.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

The Beatles Anthology

The Beatles Anthology
The Beatles (Chronicle Books, 2000)

Post em homenagem ao meu irmão, que faz aniversário hoje e que me ajudou a gostar ainda mais dos Beatles porque, entre muitas outras coisas, me fez prestar atenção nas diferentes vozes de If I fell, me contou a história de Hey Jude, fez dueto comigo em A day in the life, me ensinou a reconhecer a voz do George em Something e foi comigo ver o Dakota e o Strawberry Fields num fevereiro gelado e cheio de neve.

Na verdade, o Anthology que eu tenho aqui em casa é dele, do meu irmão. Fiquei como depositária do livro quando ele se mudou para os Estados Unidos, mas do jeito que está demorando pra voltar eu acho que já tenho direitos adquiridos sobre a obra. Engraçado é que não li o Anthology - ele é meio como aquele pedaço de chocolate que a gente fica guardando e não quer comer nunca porque então vai acabar. De vez em quando pego da estante e folheio, folheio, folheio, leio alguns trechos, fico vidrada nas fotos e, principalmente, na memorabilia que deram um jeito de encaixar num projeto gráfico muito interessante. Taí: acho que nunca li o Anthology inteiro porque ele impõe reverência. Virou tesouro.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Comer, rezar, amar

Comer, rezar, amar
Elizabeth Gilbert (Objetiva, 2008)

Ganhei esse livro de uma amiga que não poderia ser mais especial - porque gostamos uma da outra desde que começamos a trabalhar juntas, em 1995, porque depois ela se casou com meu irmão, porque ela é mãe da minha sobrinha e porque, no começo do ano passado, ela terminou correndo de ler esse livro no carro, a caminho do aeroporto, só pra poder me dar de presente. E, mesmo apressada, escreveu uma dedicatória linda.

Tentei começar a ler ainda no avião, antes que os tarja-preta me derrubassem; não deu tempo. Tentei ler assim que cheguei em casa; não rolou. Acho que o momento era errado. Eu estava triste e sem rumo demais pra encontrar conforto na história de uma mulher que, também triste e sem rumo demais, arrumou as malas e tirou um ano sabático pra viajar pelo mundo - eu não podia fazer aquilo e, de todo modo, duvido que tivesse adiantado; tudo o que eu queria era voltar pra casa, me encolher debaixo das cobertas e ficar quietinha no meu canto. Pouco depois o livro foi traduzido e lançado em português, e virou um desses fenômenos com jeito respeitável mas que, dá pra sacar, as pessoas leem como auto-ajuda. Ou melhor: como história edificante e inspiradora. Peguei birra. Uma pena, porque minha amiga não faz o gênero auto-ajuda e eu gostaria, sim, de ler a experiência de alguém nos lugares por onde Elizabeth Gilbert passou. Quem sabe um outro dia.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A dinâmica das larvas

A dinâmica das larvas
Rodrigo Lacerda (Nova Fronteira, 1996)

Aconteceu agora há pouco. Vasculhei um armário em busca de um livro de João do Rio porque senti vontade de escrever sobre dois de seus contos. Não encontrei, mas achei outros dois volumes que a) eu não sabia que tinha; b) não me lembro de ter lido; c) não tenho a menor idéia de como vieram parar aqui. Olhos de ressaca (Capitu), de H. Pereira da Silva, é uma edição fininha de 1970 que está sem a capa de trás. Trata-se de uma peça em três atos inspirada no Dom Casmurro e que, por indicação do autor, deve começar com o fundo musical de Apenas um coração solitário. Não reconheci o livro. Não sei se ganhei de presente ou se alguém me indicou, não sei se peguei emprestado, se comprei em sebo, achei na rua ou herdei. O mais estranho é que eu não gosto de ler dramaturgia; não tenho paciência para os diálogos nem para as marcações do autor.

Mas o segundo caso é ainda pior. A dinâmica das larvas tem uma dedicatória do escritor para mim: "Para a ..., esta tragi-comédia cheia de meus fantasmas pessoais, que só a mim assombram, eu espero... Com o abração do Rodrigo Lacerda, 21.8.96". Eu tenho certeza de que não li esse livro. Eu não me lembro de ter ido a nenhuma sessão de autógrafos do Rodrigo Lacerda. Eu não me lembro de ter ganhado esse livro de ninguém (o namorado que eu tinha em agosto de 1996 também era chegado nas letras, mas nossa paixão em comum foi o Caio Fernando Abreu). Não há registro do Lacerda nem do Olhos de ressaca em minha mente, memória visual, memória afetiva, as capas não me dizem nada e a dedicatória me deixou em pânico. Será que já existe uma parte de minha vida que anda se perdendo por aí?

domingo, 12 de outubro de 2008

The Collected Poems of W.B. Yeats

The Collected Poems of W.B. Yeats
W.B. Yeats (Free Press, 1996)

Sérgio Rodrigues, de quem sou fã de carteirinha, me fez passar a maior vergonha: apostou que, entre os leitores de seu ótimo blog, eu poderia ter lido algo de J-M. G. Le Clézio, o recente vencedor do Nobel de literatura. Não li. Aliás, nem conhecia o escritor. E, pelo que tenho visto sobre seus livros editados em português, o único que talvez entre na minha sempre crescente lista de próximas leituras é O africano, editado pela Cosac Naify.

Yeats, evidentemente, não tem nada a ver com isso. Mas pensando no que será que eu já li dos ganhadores do Nobel, me lembrei da visita a um sebo, há uns três anos, onde nós dois encontramos uma coleção enorme, de capa dura vermelha, com livros de todos os ganhadores do Nobel até, sei lá, talvez a década de 70. Íamos passando os olhos pelas lombadas com cara de espanto: "esse eu não li", "desse eu nunca ouvi falar", "esse não foi aquele que escreveu tal coisa?". Dois ignorantes absurdos. E, se eu não li Le Clézio, nem Roger Martin du Gard, Salvatore Quasimodo, Yasunari Kawabata, Günter Grass, que vencedor do Nobel poderia ocupar um post neste blog? Yeats, decidi. O autor do meu poema preferido, Ephemera. E como nada tenho a dizer além disso, porque não me considero uma grande leitora de poesia, o post acabou.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O que eu amava

O que eu amava
Siri Hustvedt (Companhia das Letras, 2004)

Cheguei à página 254 deste livro quase por acaso, porque por pouco não larguei a leitura no começo. Embora eu tenha ficado curiosa pela história, achei o texto meio chato. Muita descrição de obras de arte que fazem a gente prestar uma atenção danada pra tentar visualizar tudo aquilo, uma estrutura um pouco repetitiva, um narrador monocórdio. Aí fiz uma coisa que não deveria fazer, e eu sei que não deveria fazer: dei uma folheadinha pra frente, pra ver se havia alguma perspectiva de mudança - um novo capítulo próximo de onde eu estava, sei lá.

Pois dei de cara com a segunda parte do livro e, logo na primeira frase, um personagem morreu. Não tive alternativa a não ser continuar a leitura pra saber como, por que justo essa morte? Passei o funeral, passei o luto, li mais um pouco e agora estou lá, na página 254. Faltam outras 250 para o livro terminar. E não sei o que fazer. Continuo, mesmo um tanto a contragosto? Largo, e fico sem saber como a história acaba? Largo apenas por um tempo, e tento voltar em outra hora?

domingo, 3 de agosto de 2008

84, Charing Cross Road

84, Charing Cross Road
Helene Hanff (Penguin, 1990)

Esse livro está meio escondido, num cantinho da minha estante. Eu não o li, e acho que nunca vou ler. Dentro dele há uma carta que eu li apenas uma vez, e que não pretendo ler de novo. Não sei bem por que manter esses vestígios do passado, esses registros de tortura. Talvez porque façam parte da minha história, e isso baste.

Quando estive em Londres, muitos anos antes de ganhar esse livro e receber essa carta, eu já conhecia a história real da amizade epistolar entre uma escritora americana e um livreiro inglês que nunca se conheceram pessoalmente. Subi e desci a Charing Cross várias vezes, sonhando inconsciente com um encontro literário arrebatador. Quando ele veio, durou pouco. E acabou de vez com a vontade que eu tinha de ler esse livro.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O passado

O passado
Alain Pauls (Cosac Naify, 2007)

Comprei O passado assim que li uma entrevista de Alain Pauls publicada na Folha de S. Paulo e vi o escritor falando ao público na Livraria Cultura, em julho - meu exemplar está até autografado. Mas não o abri de imediato; imaginei que havia muito em comum entre a história de Rímini e Sofia e uma história vivida por mim recentemente, e que terminou de uma maneira muito cruel. O nome Sofia, a escrita, os bilhetes, tudo o que eu sabia existir no livro me afastou dele por alguns meses. Depois, inventei de ler a biografia do Freud pelo Peter Gay, um catatau de 700 páginas que me consumiu um tempão. Ontem à noite, porém, eu não tinha mais desculpa: éramos eu e O passado, e fui em frente. Li três capítulos, me dei por vencida. Desculpe, Alain Pauls, você é bom demais na sincronicidade pra que eu consiga ler seu romance agora. Estamos, eu e ele, muito presentes em tudo ali, em Rímini e Sofia, nas lembranças, nas referências, nos bilhetes. Os bilhetes... Senti que eu ia começar a chorar. Fechei o livro, pus de lado. Hoje é dia dos mortos, mas a ferida ainda está longe de cicatrizar.