O amor acaba
Paulo Mendes Campos (Civilização Brasileira, 1999)
Foi no verão de 2001. Tínhamos acabado de sair do cinema, depois de ver o belíssimo Amor à Flor da Pele, e corremos para um restaurante japonês - quem viu o filme é capaz de entender a vontade louca que me deu de comer gohan, aquele arroz branquinho e grudento, à moda oriental. E foi assim, entre tigelas de gohan e pratinhos de sushi, que começou a discussão sobre o filme e, lógico, seu tema principal: o amor. Não importava tanto descobrir se a linda Maggie Cheung e o charmoso Tony Leung tinham, afinal, consumado aquele namoro platônico. Mais importante era tentar entender que tipo de sentimento, que tipo de amor é esse que tanto une quanto afasta, que pode ser grande e ao mesmo tempo tão contido.
E a certa altura da nossa conversa eu me lembrei desse texto de Paulo Mendes Campos: O amor acaba. Coisa de eu ter lido ainda bem jovem, e de ter guardado na memória não só o teor da crônica, a sucessão de maneiras às vezes tão banais e quase despercebidas de como o amor pode acabar, mas também a sensação de arrepio que eu sentia toda vez que chegava à última linha, um arrepio de emoção por uma frase tão bonita e por uma verdade tão grande. Meu amigo não concordou com Paulo Mendes Campos; ele acreditava na máxima rodrigueana de que "se acabou, não era amor". E eu não concordei - ainda não concordo - com meu amigo. O amor acaba, sim. "Às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido", escreveu PMC. Não poderia achar mais verdadeiro.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
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