O muro
Jean-Paul Sartre (Nova Fronteira, 2005)
Minha amiga Tati Bernardi escreveu sobre sua peregrinação pelos sebos da avenida Pedroso de Moraes, em São Paulo, em busca do livro A náusea, do Sartre (acabou encontrando uma edição portuguesa, com mais de 50 anos, que nunca tinha sido nem manuseada: ainda tinha as páginas coladas). Nunca li A náusea - aliás, nunca li nada do Sartre além do conto que dá nome a O muro, e que li provavelmente numa época totalmente errada, quando ainda não entendia nada da vida, e por isso odiei o texto, odiei o autor e odiei, numa generalização idiota, todo o existencialismo.
Acho que chegou a hora de ler O muro outra vez. Lembro mais da sensação de injustiça que ela me causou do que da história em si: um prisioneiro condenado ao fuzilamento ganha a chance de se livrar da morte se delatar um certo amigo fugitivo. Ele decide, então, fazer uma delação de mentirinha: dizer que fulano está no lugar X, quando na verdade ele está no Y. Na hora H, porém, o amigo muda de esconderijo e acaba no mesmo lugar X onde a polícia vai procurá-lo. É triste. É cruel. Mas acho que na maioria das vezes é assim que as coisas acontecem.
domingo, 20 de setembro de 2009
A morte tem sete herdeiros
A morte tem sete herdeiros
Stella Carr e Ganymédes José (Moderna, 2003)
Minha edição deste livro há muito perdeu a capa (que nem era igual a essa, aliás), mas conserva o autógrafo de Stella Carr na primeira página. Eu devia ter uns 12 anos, talvez? E me lembro de ter ficado felicíssima ao saber que dois dos meus autores favoritos iam se juntar pra escrever um livro: o Ganymédes José da série Inspetora e tantos outros, a Stella Carr da série Irmãos Encrenca. Melhor ainda, uma história de mistério que, no volume que eu tenho, ganhou o subtítulo de "A noite em que Agatha Christie visitou Jacuruçunga" - e eu já era fã da velhinha inglesa desde aquela época.
Os sete sobrinhos e alguns agregados de Rogério Matta Leitão (todos os nomes do livro são ótimos) encontram-se em sua casa, depois da morte do velho, para descobrir quem herdará a fortuna do falecido. Durante a noite, coisas estranhas começam a acontecer: a chegada de visitantes inesperados, um assassinato aqui, outro ali, gente que desaparece... Mesmo depois de tantos anos, eu ainda adoro o livro. E fico imaginando como deve ter sido delicioso o processo de escrita a quatro mãos entre Stella e Ganymédes, como os dois devem ter dado risada e se divertido. Só isso já vale a leitura.
Stella Carr e Ganymédes José (Moderna, 2003)
Minha edição deste livro há muito perdeu a capa (que nem era igual a essa, aliás), mas conserva o autógrafo de Stella Carr na primeira página. Eu devia ter uns 12 anos, talvez? E me lembro de ter ficado felicíssima ao saber que dois dos meus autores favoritos iam se juntar pra escrever um livro: o Ganymédes José da série Inspetora e tantos outros, a Stella Carr da série Irmãos Encrenca. Melhor ainda, uma história de mistério que, no volume que eu tenho, ganhou o subtítulo de "A noite em que Agatha Christie visitou Jacuruçunga" - e eu já era fã da velhinha inglesa desde aquela época.
Os sete sobrinhos e alguns agregados de Rogério Matta Leitão (todos os nomes do livro são ótimos) encontram-se em sua casa, depois da morte do velho, para descobrir quem herdará a fortuna do falecido. Durante a noite, coisas estranhas começam a acontecer: a chegada de visitantes inesperados, um assassinato aqui, outro ali, gente que desaparece... Mesmo depois de tantos anos, eu ainda adoro o livro. E fico imaginando como deve ter sido delicioso o processo de escrita a quatro mãos entre Stella e Ganymédes, como os dois devem ter dado risada e se divertido. Só isso já vale a leitura.
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009
How to eat
How to eat
Nigella Lawson (Wiley, 2002)
No tempo da minha mãe, a grande bíblia culinária era o livro das receitas de Dona Benta - embora, até onde eu saiba, Dona Benta nunca tenha entrado na cozinha do Sítio do Picapau Amarelo para cozinhar nada; tia Nastácia, sim, era a quituteira oficial do lugar (mas era negra, e vai saber se "pegava bem" publicar o livro de receitas de uma negra nos idos de sei lá quando). Eu li muito a edição que minha mãe ganhou como presente de noivado, em 1964, e que ainda existe, quase firme e quase forte, na casa dela.
Também eu tenho minhas bíblias culinárias, livros que procuram tratar de comida de um jeito simples, saudável e saboroso, que me ensinem maneiras diferentes de comer o que eu gosto - e jeitos gostosos de comer o que eu normalmente não comeria -, que não fiquem pregando excessos mas que também não levem tão a sério a proibição a ingredientes que, ultimamente, acabaram entrando numa espécie de índex culinário. Deles fazem parte o Dean & Deluca cookbook, o Jamie's dinners, alguns livros da Patricia Wells e esse How to eat. (Comentário fora de propósito: linda do jeito que é, Nigella Lawson tem toda razão em aparecer na capa de quase todos os seus livros.)
Mais do que as receitas, que são muitas e geralmente ótimas, o bacana deste livro de Nigella são os textos em que ela, vá lá, ensina a comer. O primeiro capítulo, "Basics, etc.", fala de ingredientes, ensina alguns preparos fundamentais (caldos, frango assado), dá ideias de como aproveitar sobras variadas, mostra o que é possível ter sempre à mão no freezer (isso eu aproveitei demais; aprendi que dá pra manter queijo ralado congelado, por exemplo). E o resto do livro segue na mesma linha, com capítulos sobre refeições para uma ou duas pessoas, comida rápida e fácil, cardápios para almoços de fim de semana... Até uma seção sobre "low fat" a rainha do creme e da manteiga escreveu. Só fico em dúvida se é o melhor livro dela porque também gosto muito do Express. De qualquer forma, ambos são excelentes na característica que, para mim, é capaz de transformar um livro de receitas em bíblia culinária: dão ótimas ideias para as minhas aventuras na cozinha.
Nigella Lawson (Wiley, 2002)
No tempo da minha mãe, a grande bíblia culinária era o livro das receitas de Dona Benta - embora, até onde eu saiba, Dona Benta nunca tenha entrado na cozinha do Sítio do Picapau Amarelo para cozinhar nada; tia Nastácia, sim, era a quituteira oficial do lugar (mas era negra, e vai saber se "pegava bem" publicar o livro de receitas de uma negra nos idos de sei lá quando). Eu li muito a edição que minha mãe ganhou como presente de noivado, em 1964, e que ainda existe, quase firme e quase forte, na casa dela.
Também eu tenho minhas bíblias culinárias, livros que procuram tratar de comida de um jeito simples, saudável e saboroso, que me ensinem maneiras diferentes de comer o que eu gosto - e jeitos gostosos de comer o que eu normalmente não comeria -, que não fiquem pregando excessos mas que também não levem tão a sério a proibição a ingredientes que, ultimamente, acabaram entrando numa espécie de índex culinário. Deles fazem parte o Dean & Deluca cookbook, o Jamie's dinners, alguns livros da Patricia Wells e esse How to eat. (Comentário fora de propósito: linda do jeito que é, Nigella Lawson tem toda razão em aparecer na capa de quase todos os seus livros.)
Mais do que as receitas, que são muitas e geralmente ótimas, o bacana deste livro de Nigella são os textos em que ela, vá lá, ensina a comer. O primeiro capítulo, "Basics, etc.", fala de ingredientes, ensina alguns preparos fundamentais (caldos, frango assado), dá ideias de como aproveitar sobras variadas, mostra o que é possível ter sempre à mão no freezer (isso eu aproveitei demais; aprendi que dá pra manter queijo ralado congelado, por exemplo). E o resto do livro segue na mesma linha, com capítulos sobre refeições para uma ou duas pessoas, comida rápida e fácil, cardápios para almoços de fim de semana... Até uma seção sobre "low fat" a rainha do creme e da manteiga escreveu. Só fico em dúvida se é o melhor livro dela porque também gosto muito do Express. De qualquer forma, ambos são excelentes na característica que, para mim, é capaz de transformar um livro de receitas em bíblia culinária: dão ótimas ideias para as minhas aventuras na cozinha.
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domingo, 13 de setembro de 2009
El Ateneo Grand Splendid
El Ateneo Grand Splendid
Buenos Aires, Argentina
Eu não leio em espanhol - até já arrisquei alguma coisa, como a biografia do Xul Solar, mas é um processo tão demorado e dolorido que prefiro nem tentar. E fico com uma raiva muito grande de mim mesma por não aprender o idioma direito, principalmente quando sei que em Buenos Aires há livrarias tão boas, como a El Ateneo, com zilhões de títulos interessantes por preços muito mais convenientes do que no Brasil.
A Grand Splendid é a filial chique e lindíssima dessa rede argentina de livrarias. Foi instalada num antigo cinema dos anos 1920 (pelo menos assim diz o blog de livros da revista New Yorker), na avenida Santa Fé, e causa o maior impacto. O lugar, restaurado, mantém a cara de teatro - mais teatro do que cinema atual, pelo menos -, com a diferença de que há livros até nos antigos camarotes. E de que, no palco, funciona um café. A última vez em que estive lá foi no final de 2004, quando quase não havia livros em inglês à venda; era a alternativa ao meu não-conhecimento do espanhol. Uma pena.
Buenos Aires, Argentina
Eu não leio em espanhol - até já arrisquei alguma coisa, como a biografia do Xul Solar, mas é um processo tão demorado e dolorido que prefiro nem tentar. E fico com uma raiva muito grande de mim mesma por não aprender o idioma direito, principalmente quando sei que em Buenos Aires há livrarias tão boas, como a El Ateneo, com zilhões de títulos interessantes por preços muito mais convenientes do que no Brasil.
A Grand Splendid é a filial chique e lindíssima dessa rede argentina de livrarias. Foi instalada num antigo cinema dos anos 1920 (pelo menos assim diz o blog de livros da revista New Yorker), na avenida Santa Fé, e causa o maior impacto. O lugar, restaurado, mantém a cara de teatro - mais teatro do que cinema atual, pelo menos -, com a diferença de que há livros até nos antigos camarotes. E de que, no palco, funciona um café. A última vez em que estive lá foi no final de 2004, quando quase não havia livros em inglês à venda; era a alternativa ao meu não-conhecimento do espanhol. Uma pena.
The corrections
The corrections
Jonathan Franzen (Harper Trade UK, 2007)
Finalmente, depois de um longo hiato provocado pelo excesso de trabalho, terminei de ler The corrections. Gostei. Mas o livro (existe também traduzido para o português) não mexeu comigo tanto quanto eu pensei que pudesse mexer - por estar passando, eu mesma, por uma fase da vida em que algumas correções intensas são necessárias. Vai ver é porque, assim espero, não sou tão disfuncional quanto a família criada por Jonathan Franzen neste livro.
Depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho de engenharia na ferrovia local, Alfred, o pai, está começando a sofrer as consequências do mal de Parkinson. Enid, a mãe, tenta de todo modo manter as aparências do que imagina ser uma família perfeita do meio-oeste americano - mesmo que, para isso, tenha que ignorar a realidade, as necessidades e os sentimentos do marido e dos filhos. Na Filadélfia, o filho mais velho, Gary, trava uma luta de forças com a mulher, Caroline, e teme estar entrando em depressão. Denise, a filha mais nova, é uma chef de cozinha divorciada que sente muito mais afinidade com o pai do que com a mãe. Em Nova York, por fim, o filho do meio, Chip, procura se virar fazendo bicos de revisor e trabalhando no roteiro de um filme. E Enid quer juntar todos, filhos e netos, para um último Natal em St. Jude, a cidade onde nasceu, foi criada e vive até hoje.
A história vai e volta diversas vezes no tempo - o presente é um mês de outubro em que Alfred e Enid embarcam num cruzeiro até o Canadá, Gary briga com a mulher por causa do Natal em St. Jude, Denise está trabalhando num super-restaurante e Chip aceita viajar para a Lituânia -, principalmente para mostrar como cada um existe do jeito que é e que tipo de correções, na vida, eles gostariam de fazer. Mas há várias tramas paralelas e, talvez por minha leitura ter sido interrompida durante várias semanas, achei algumas delas cansativas e desnecessárias. Todo o Corecktall, por exemplo, e a história da amiga que Enid faz no navio. Outras são divertidíssimas (a visita de Enid ao médico de bordo) ou ajudam a explicar a personalidade de Alfred, para mim o grande, e injustiçado, personagem do livro. Uma das passagens finais, o "acerto de contas" entre marido mulher, é belo e muito triste.
Mas se nem a vida é sempre justa, por que a ficção haveria de ser?
Jonathan Franzen (Harper Trade UK, 2007)
Finalmente, depois de um longo hiato provocado pelo excesso de trabalho, terminei de ler The corrections. Gostei. Mas o livro (existe também traduzido para o português) não mexeu comigo tanto quanto eu pensei que pudesse mexer - por estar passando, eu mesma, por uma fase da vida em que algumas correções intensas são necessárias. Vai ver é porque, assim espero, não sou tão disfuncional quanto a família criada por Jonathan Franzen neste livro.
Depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho de engenharia na ferrovia local, Alfred, o pai, está começando a sofrer as consequências do mal de Parkinson. Enid, a mãe, tenta de todo modo manter as aparências do que imagina ser uma família perfeita do meio-oeste americano - mesmo que, para isso, tenha que ignorar a realidade, as necessidades e os sentimentos do marido e dos filhos. Na Filadélfia, o filho mais velho, Gary, trava uma luta de forças com a mulher, Caroline, e teme estar entrando em depressão. Denise, a filha mais nova, é uma chef de cozinha divorciada que sente muito mais afinidade com o pai do que com a mãe. Em Nova York, por fim, o filho do meio, Chip, procura se virar fazendo bicos de revisor e trabalhando no roteiro de um filme. E Enid quer juntar todos, filhos e netos, para um último Natal em St. Jude, a cidade onde nasceu, foi criada e vive até hoje.
A história vai e volta diversas vezes no tempo - o presente é um mês de outubro em que Alfred e Enid embarcam num cruzeiro até o Canadá, Gary briga com a mulher por causa do Natal em St. Jude, Denise está trabalhando num super-restaurante e Chip aceita viajar para a Lituânia -, principalmente para mostrar como cada um existe do jeito que é e que tipo de correções, na vida, eles gostariam de fazer. Mas há várias tramas paralelas e, talvez por minha leitura ter sido interrompida durante várias semanas, achei algumas delas cansativas e desnecessárias. Todo o Corecktall, por exemplo, e a história da amiga que Enid faz no navio. Outras são divertidíssimas (a visita de Enid ao médico de bordo) ou ajudam a explicar a personalidade de Alfred, para mim o grande, e injustiçado, personagem do livro. Uma das passagens finais, o "acerto de contas" entre marido mulher, é belo e muito triste.
Mas se nem a vida é sempre justa, por que a ficção haveria de ser?
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Pê de pai
Pê de pai
Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho (CosacNaify, 2009)
Meu pai morreu muito cedo, quando eu tinha 4 anos, afogado num acidente estúpido enquanto pescava em Ubatuba. Por isso, não tenho nenhuma referência das funções paternas mostradas de maneira tão simples e tão belas neste livrinho. O pai casaco, que protege os filhos da chuva. O pai trator, que ajuda a atravessar as poças d'água. O pai boia, que dá uma força na piscina ou no mar quando a gente não sabe nadar.
Mas meu irmão é pai recente - minha sobrinha acabou de completar 1 ano - e eu acho lindo ver como ele se transforma, com ela, no pai avião, pai freio de mão, pai guindaste, pai sofá, pai colchão... Então comprei o livrinho para mandar de presente pra eles. Nem história tem: são só desenhos, toscamente divertidos, e a descrição dos diversos tipos de pai, criados por uma dupla portuguesa de autora e ilustrador. Espero que gostem.
Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho (CosacNaify, 2009)
Meu pai morreu muito cedo, quando eu tinha 4 anos, afogado num acidente estúpido enquanto pescava em Ubatuba. Por isso, não tenho nenhuma referência das funções paternas mostradas de maneira tão simples e tão belas neste livrinho. O pai casaco, que protege os filhos da chuva. O pai trator, que ajuda a atravessar as poças d'água. O pai boia, que dá uma força na piscina ou no mar quando a gente não sabe nadar.
Mas meu irmão é pai recente - minha sobrinha acabou de completar 1 ano - e eu acho lindo ver como ele se transforma, com ela, no pai avião, pai freio de mão, pai guindaste, pai sofá, pai colchão... Então comprei o livrinho para mandar de presente pra eles. Nem história tem: são só desenhos, toscamente divertidos, e a descrição dos diversos tipos de pai, criados por uma dupla portuguesa de autora e ilustrador. Espero que gostem.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
The New York Times Book of New York
The New York Times Book of New York
Há onze capítulos - gente, transportes, arquitetura e parques, diversão e arte, negócios, política e governo, crime, desastres, comida, esportes e bairros - com outras tantas divisões internas. Jacqueline Kennedy Onassis e Eleanor Roosevelt, duas ex-primeiras-damas americanas, aparecem, por exemplo, em "Public servants" (a primeira, num trecho de seu obituário; a segunda, numa matéria sobre uma estátua no Riverside Park).
É um livro sensacional - não só porque conta a história da cidade pelos artigos do jornal, mas porque traz diversos ângulos de um mesmo assunto ou trata do mesmo tema em diferentes épocas. Sobre o Empire State Building, por exemplo, há três textos: o de 1931, quando o prédio foi inaugurado; um de 2004, quando morreu a mocinha do primeiro King Kong; e um de 2006, sobre os casais de namorados que vão passear no topo do edifício. E o Bronx ganha retratos tão distantes quanto o de 1899 (a prosperidade imobiliária do bairro), o de 1977 (uma visita do então presidente Carter à região) e o de 2007 (a revitalização da área próxima à Fordham Road), entre outros. Dá vontade de ler tudo de uma vez e pegar correndo um avião pra Nova York.
editado por James Barron (Black Dog & Leventhal, 2009)
O melhor presente do ano foi a visita-surpresa do meu irmão, há duas semanas, pra festinha brasileira do aniversário de 1 ano da minha sobrinha. Na mala, outro presente muito bacana: este The New York Times Book of New York, um catatau com quase 500 páginas e 549 excertos de textos publicados no jornal americano sobre, como diz a capa, "as pessoas, os acontecimentos e a vida" de Nova York, no passado e no presente.
Há onze capítulos - gente, transportes, arquitetura e parques, diversão e arte, negócios, política e governo, crime, desastres, comida, esportes e bairros - com outras tantas divisões internas. Jacqueline Kennedy Onassis e Eleanor Roosevelt, duas ex-primeiras-damas americanas, aparecem, por exemplo, em "Public servants" (a primeira, num trecho de seu obituário; a segunda, numa matéria sobre uma estátua no Riverside Park).
É um livro sensacional - não só porque conta a história da cidade pelos artigos do jornal, mas porque traz diversos ângulos de um mesmo assunto ou trata do mesmo tema em diferentes épocas. Sobre o Empire State Building, por exemplo, há três textos: o de 1931, quando o prédio foi inaugurado; um de 2004, quando morreu a mocinha do primeiro King Kong; e um de 2006, sobre os casais de namorados que vão passear no topo do edifício. E o Bronx ganha retratos tão distantes quanto o de 1899 (a prosperidade imobiliária do bairro), o de 1977 (uma visita do então presidente Carter à região) e o de 2007 (a revitalização da área próxima à Fordham Road), entre outros. Dá vontade de ler tudo de uma vez e pegar correndo um avião pra Nova York.
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