The corrections
Jonathan Franzen (Harper Trade UK, 2007)
Finalmente, depois de um longo hiato provocado pelo excesso de trabalho, terminei de ler The corrections. Gostei. Mas o livro (existe também traduzido para o português) não mexeu comigo tanto quanto eu pensei que pudesse mexer - por estar passando, eu mesma, por uma fase da vida em que algumas correções intensas são necessárias. Vai ver é porque, assim espero, não sou tão disfuncional quanto a família criada por Jonathan Franzen neste livro.
Depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho de engenharia na ferrovia local, Alfred, o pai, está começando a sofrer as consequências do mal de Parkinson. Enid, a mãe, tenta de todo modo manter as aparências do que imagina ser uma família perfeita do meio-oeste americano - mesmo que, para isso, tenha que ignorar a realidade, as necessidades e os sentimentos do marido e dos filhos. Na Filadélfia, o filho mais velho, Gary, trava uma luta de forças com a mulher, Caroline, e teme estar entrando em depressão. Denise, a filha mais nova, é uma chef de cozinha divorciada que sente muito mais afinidade com o pai do que com a mãe. Em Nova York, por fim, o filho do meio, Chip, procura se virar fazendo bicos de revisor e trabalhando no roteiro de um filme. E Enid quer juntar todos, filhos e netos, para um último Natal em St. Jude, a cidade onde nasceu, foi criada e vive até hoje.
A história vai e volta diversas vezes no tempo - o presente é um mês de outubro em que Alfred e Enid embarcam num cruzeiro até o Canadá, Gary briga com a mulher por causa do Natal em St. Jude, Denise está trabalhando num super-restaurante e Chip aceita viajar para a Lituânia -, principalmente para mostrar como cada um existe do jeito que é e que tipo de correções, na vida, eles gostariam de fazer. Mas há várias tramas paralelas e, talvez por minha leitura ter sido interrompida durante várias semanas, achei algumas delas cansativas e desnecessárias. Todo o Corecktall, por exemplo, e a história da amiga que Enid faz no navio. Outras são divertidíssimas (a visita de Enid ao médico de bordo) ou ajudam a explicar a personalidade de Alfred, para mim o grande, e injustiçado, personagem do livro. Uma das passagens finais, o "acerto de contas" entre marido mulher, é belo e muito triste.
Mas se nem a vida é sempre justa, por que a ficção haveria de ser?
domingo, 13 de setembro de 2009
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