Nina Horta (DBA, 1999)
Minha vida é feita de tomar decisões - e isso me dá uma angústia tremenda. Acontece também quando termino um livro (O tigre branco) e preciso escolher o que ler em seguida. Tenho tantos, mas tantos volumes na fila, espalhados pela casa, na cadeira da sala, ao lado da cama, e geralmente fico perdida entre uma leitura e outra. Hoje, pra piorar, comprei o Modernismo do Peter Gay e o novo Chico Buarque. Piorou mais ainda quando cheguei em casa e encontrei a Vanity Fair do mês. O que ler primeiro? Como escolher?
Nessas horas de muita angústia literária eu geralmente fujo: acabo relendo uma Agatha Christie inofensiva ou mergulho num livro de receitas - que, como já disse, leio com o maior prazer, como se fosse literatura. E, mexendo na estante, encontrei esse simpático Charlô em Paris, que vai ser meu companheiro pelas próximas noites, até que a ansiedade assente e eu possa escolher o próximo livro, vá lá, "sério". Charlô é Charlô Whately, banqueteiro e dono de restaurante. Nina Horta tem um texto primoroso. E Anita Ljung, a ilustradora, caprichou no trabalho: é tudo colorido, vibrante, alto-astral. Assim como as receitas e a história do moço que foi morar em Paris e acabou como cozinheiro de Madame Radô.
Ah, sim: trata-se de um livro infantil. Ou melhor, de um luxo infantil, já que, com um time desses, qualquer obra, para crianças ou adultos, vira um programão.
Um comentário:
Quando bate essas dúvidas sobre o que ler, dá uma angústia braba mesmo. Acho que a leitura tem que estar de acordo com nosso estado de espírito no momento. Tenho uns aqui que já estou postergando ha tempos. Começo e paro para ler outro de digestão mais fácil, até ter condições emocionais de encará-los novamente.
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