sábado, 11 de abril de 2009

O tigre branco

O tigre branco
Aravind Adiga (Nova Fronteira, 2008)

Eu não conheço a Índia e, pra falar a verdade, ela não está nem entre os Top 20 lugares do mundo que eu pretendo conhecer. Ainda mais depois de ler O tigre branco - que, como dizia um artigo que li há pouco, revela muito mais sobre o país do que uma novela inteira da Gloria Perez. Meu interesse pelo livro deveu-se mais, portanto, à curiosidade que eu sinto em relação aos vencedores do Booker Prize (Aravind Adiga ganhou em 2008) do que à vontade de visitar o país.

Porque O tigre branco fala da Índia como ela é, a Índia dos pobres, dos moradores de aldeias que não têm água potável nem eletricidade, de grande parte da população destinada a servir aos ricos e por eles ser maltratada e explorada num inferno sem fim. Daí vem Balram Halwai, o protagonista, que conta a história de sua ascenção numa longa carta dirigida ao primeiro-ministro da China. O começo da carta de Balram é impagável: ele a envia ao escritório do premier Wen Jiabao em Beijing, "capital of the Freedom-loving Nation of China". Fala sobre a "democracia" indiana. E diz como, de garoto sem nome e serviçal humilhado, transformou-se em empresário em Bangalore, "the world's center of technology and outsorcing". Uma história cheia de sujeira, sangue e maus-tratos em que, por mais condenáveis que sejam as atitudes de Balram, é impossível não torcer por ele.

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