Dorothy Parker (Companhia das Letras, 1987)
Eu nunca sei muito bem o que responder quando alguém vem com aquelas perguntas idiotas e divertidas, como "em que outra época você gostaria de ter vivido?". Acho que em várias. Na virada do século 19 para o 20, no Rio de Janeiro. Ou no Rio dos anos 50. Durante a Semana de Arte Moderna em São Paulo. E na Nova York dos anos 20, quando a turma de Dorothy Parker ia encher a cara na Round Table do hotel Algonquin - quem sabe assim eu não confundiria mais tipos como Alexander Woollcott, Harold Ross, Edna Ferber e outros frasistas que o Ruy Castro vive citando.
Não sou muito chegada em contos, nunca fui. Mas Big Loira é daquele tipo de livro que sempre pego, e para reler sempre o mesmo texto: "Um telefonema", as melhores seis páginas já escritas sobre a paranóia que devasta uma mulher à espera da ligação do ser amado. Toda, toda mulher já passou por isso. Ameaçou jogar o telefone na parede. Rezou implorando pro aparelho tocar. Fez promessas em troca do trimmm-trimmm imediato. E nada. Nessas horas, o único consolo é pensar que nada mudou: os homens dos anos 20 também custavam a telefonar.
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