José Saramago (Companhia das Letras, 2005)
Meu irmão foi embora para os Estados Unidos e levou com ele (ou deixou em lugar desconhecido) meu antigo exemplar do ...evangelho, todo escrito e riscado com caneta marca-texto. Que droga. Eu gostaria muito de saber, hoje, o que posso ter anotado num livro que li aos 20 e poucos anos, quando a culpa católica e cristã que orientou minha vida ainda martelava forte em minha cabeça.
Foi o único Saramago que li - tenho até A caverna autografado, mas Saramago mete medo pelo estilo, tenho medo de me sentir muito burra por não entender ou achar chato. Mas do ...evangelho eu gostei, gostei muito. Uma das partes assinaladas de que eu mais me lembro é o diálogo entre Jesus e o Diabo num barco, em meio a um nevoeiro. Aquela história de "mas o seu Deus só pode existir se existir também o mal" me causa arrepios até hoje.
2 comentários:
É tão engraçado isso que você falou, do medo de sentir burro ou achar chato. Cometendo um sacrilégio (!) contra algo que você deveria gostar! Ir contra um cânone! Como se houvesse uma obrigação de gostar. Todos os livros do Saramago que eu li cresceram depois da leitura, naquele processo de lembrança de seus pedaços favoritos e da montagem da história na sua cabeça.
É isso mesmo, César. Tem livro que me mete medo, autor que mete medo. Às vezes eu falo de tal ou tal livro, "não entendi", "não gostei", e me olham como se eu fosse um ET. O exemplo mais óbvio de medo e chatice é Ulisses, que não li e não tenho vontade de ler. Eu já pensei em escrever um post sobre os clássicos, os indispensáveis, que não li e não tenho vontade... Algo como o anti-501 must-read books. :-)
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