O passaporte do gourmet
Elisa Donel (Ediouro, 1999)
Daqui a algumas semanas, se tudo der certo - toc toc toc! - vou xeretar o acervo dos buquinistas na margem do Sena e conferir as prateleiras da livraria Shakespeare and Company, em Paris. E, como faz séculos que estive na França pela última vez e minhas aulas do idioma são uma doce lembrança de um passado distante, comecei a me preparar para a viagem tirando da estante este livro que fala sobre o modo francês de comer.
É praticamente um "tudo o que você precisa saber antes de comer ou beber qualquer coisa na França". Fala da diferença entre restaurantes, bistrôs, cafés, brasseries. Dá o endereço de bons salões de chá em Paris. Traz listas de queijos, manteigas e outros produtos com denominação de origem controlada. Diz como carnes, aves e peixes podem ser preparados (braisé, poelé, sauté, frit, a l'étoufée...). E ainda dá uma aula de história culinária ao traçar o perfil dos chefs que contribuíram para colocar a cozinha francesa entre as maiores do mundo.
Ou seja: funciona maravilhosamente para abrir o apetite antes da viagem e ajuda a nos livrar de grandes roubadas, como a que vivi quando estive em Paris em 1995. Cansada do voo desde Viena, com fome, sozinha e sem falar nem je t'aime, me vi diante de um cardápio em que podia escolher, como plat du jour, entre filé com fritas e andouillete. Mandei ver na andouillete, mesmo sem ter a menor ideia do que fosse. E, quando aquele prato chegou, uma salsichona de aspecto esquisito e cheiro pestilento, dei uma garfada para nunca mais querer chegar perto de andouillete na vida. Só quando voltei ao Brasil foi que descobri do que se tratava: um embutido feito com o estômago, o intestino, o sangue e outros miúdos do porco. Com a Elisa Donel, não corro mais esse risco.
sábado, 23 de maio de 2009
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