terça-feira, 17 de março de 2009

O livro das ilusões

O livro das ilusões
Paul Auster (Companhia das Letras, 2002)

Faz muito tempo que estou ensaiando para escrever sobre O livro das ilusões, talvez meu Paul Auster preferido. Começa pelo título, que é lindo. Tem a epígrafe, de Chateaubriand: Man has not one and the same life. He has many lives, placed end to end, and that is the cause of his misery. E o enredo envolvente sobre o encontro de um professor com um velho comediante que o mundo acreditava estar morto, e a história do artista, e os filmes que ele deixou prontos e ninguém nunca viu, e o envolvimento do professor com a filha postiça do artista, e o destino da obra desconhecida.

Eu demorei alguns anos e vários livros para descobrir que meu interesse e quase devoção por Paul Auster devia-se ao principal elemento em sua obra: o acaso. O imponderável. A vida como ela é, e não como a gente gostaria que fosse. Houve um tempo - durante, talvez, uns vinte anos? - em que eu torcia pela esperançosa troca de papéis: a vida, essa sim, seria passível de condução; a literatura é que deveria funcionar ao acaso, segundo o ânimo e o humor do escritor. Que nada. Paul Auster usa o acaso da vida a seu favor, em livros que tratam do acaso da vida de um jeito às vezes terno, às vezes cruel, quase sempre denso. Do jeito que a vida é.

7 comentários:

Anônimo disse...

Que ótimo comentário, isabel, eu amo auster e essa coisa do acaso não me tinha vindo com essa clareza cristalina que vc coloca. O livro das ilusões estará comigo em breve, claro, merci.
um abraço,
clara lopez

Anônimo disse...

Isabel
nunca li Paul Auster mas esse título e o acaso da narrativa me parecem tentador. Quem sabe um dia...
Sou uma visitante relapsa de tuas leituras e hoje resolvi procurar se havias escrito sobre algum dos livros de Jane Austen. Como o blog não tem um modo de procura fica aqui a pergunta.
um abraço

Isabel Pinheiro disse...

Clara, eu acho que você vai gostar - se bem que você não se entusiasmou muito por Sábado, né, um McEwan que eu adorei.
E Noite do Oráculo, você já leu? Eu sempre tive dúvida se gostava mais dele ou de O livro ds ilusões, mas acho que gosto de ambos do mesmo jeito...
Beijos!

Isabel Pinheiro disse...

Oi, Raquel, bem-vinda! O Blogger tem um mecanismo de pesquisa bem lá em cima da página, à esquerda. Mas não adianta procurar pela Jane Austen: eu admito, meio com vergonha, que nunca li nada dela. Outro dia fiquei tentadíssima, a Livraria Cultura estava com uma coleção de Jane Austen em inglês, linda e barata. No fim, eu resisti: tenho tanta coisa pra ler parada aqui na estante! Mas ela está entre meus alvos a médio prazo. Um abraço, Isabel

vera maria disse...

Sim, li Noites do oráculo, e comentei no linhadepesca em 24/02/08, veja um trechinho:

"Ótimo livro, parece que o Paul Auster tem prazer em esmerilhar o caráter ficcional de sua ficção, então brinca com várias estórias acontecendo dentro da estória e entrecruzando-se umas com as outras, embora ele domine com maestria esse intrincado jogo de versões, visões e vidas que se criam e se aproximam do protagonista. Dentre outras façanhas, ele faz um roteiro (malogrado) de A máquina do tempo, de H. G. Wells, refazendo a obra por discordar do modo como o tempo é ali tratado"

Ele é mesmo muito bom.
beijo,
clara

Anônimo disse...

Isabel,
há tantos livros no mundo que eu mataria para ler e certamente não lerei por falta de tempo e por outras tantas coisas que é melhor nem falar que me dá nervoso! Enfim, perguntei pois tenho um blogue sobre Jane Austen, em português e se tivesses algum texto eu faria um post os devidos com links para o leituras.
Estive também esta semana na Cultura e quase chorei quando vi a Collectors Library, da CRW, e não só os de Austen, Elizabeth Gaskell, Dickens, Thomas Hardy, Brontës, Henry James, Thackeray e muito mais... sai de lá disparando.
muito obrigada, raquel

PS: corte o link se não for permitido.

Anônimo disse...

Escrevi 'Noites' e é "Noite'.
beijo,
clara