1968 - O ano que não terminou
Zuenir Ventura (Nova Fronteira, 2006)
Que fique claro: esse post não se deve aos 40 anos de 1968, nem aos 20 da publicação do livro. Talvez esse tipo de aniversário só devesse ser comemorado aos 100 anos de alguma coisa, numa comprovação de que o troço realmente teve importância, a ponto de ser lembrado um século depois. O caso é que outro dia tirei o 1968 da estante, para emprestar a uma amiga, e me deu uma nostalgia danada da época em que li o livro, um ano depois de seu lançamento, num momento do país em que os (então) jovens, como eu, ainda tinham esperança de mudar alguma coisa.
Zuenir Ventura escreve com conhecimento de causa, porque viveu 1968 com todos os seus problemas, alegrias e esperanças. Da festa de réveillon que abre o livro, com o povo todo dançando Miriam Makeba, à instituição do famigerado AI-5, em dezembro, muita água podre rolou no país, em especial no Rio de Janeiro. A morte do estudante Edson Luís, a Passeata dos Cem Mil, as prisões arbitrárias, manifestações culturais, sociais e políticas, as pessoas que fizeram o ano acontecer, para o bem e para o mal, estão todos ali. Foi nesse livro que descobri a apaixonante figura de Hélio Pellegrino, o psicanalista a quem o livro é dedicado. E que invejei um grupo heterogêneo de pessoas, artistas e políticos e gente que se importava com a tortura escondida, com os sumiços involuntários, porque estavam preocupados em garantir o maior bem do ser humano: a liberdade. Não dá pra dizer que eles ganharam - afinal, o ano terminou com o AI-5. Mas seu exemplo devia permanecer vivo até hoje, principalmente em momentos como o de agora, em que ninguém parece se revoltar com governos, corrupção, falcatruas e malandragem.
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Um comentário:
EBA!
Eu tô adorando ler 1968. Pena ter que ler aos soquinhos, pois toda hora chegam prioridades de 2008. =)
Achei divertidíssimo o relato da primeira vez que o Glauber Rocha usou drogas.
Bjs!
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