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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Novel destinations

Novel destinations
Shannon McKenna Schmidt e Joni Rendon (National Geographic, 2009)

No dia em que eu tiver dinheiro suficiente e uma companhia que curta esse tipo de coisa, quero viajar pelos Estados Unidos só para ver as casas projetadas por Frank Lloyd Wright. Acho bacana inventar viagens temáticas. Se tiverem um pé na literatura, tanto melhor. É o que faz esse Novel destinations, um guia turístico que indica a casa e os museus dedicados a alguns autores (Shakespeare, Agatha Christie, Margareth Mitchell), relaciona os cemitérios onde vários estão enterrados (Père-Lachaise, Westminster Abbey, Panthéon), fala de walking tours (a Londres de Oscar Wilde, a Paris de Hemingway, a São Petesburgo de Dostoievski) e sugere roteiros para acompanhar os passos de tantos outros (Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Edith Wharton).

Cheguei à conclusão de que o que eu mais conheço são bares e restaurantes onde alguns escritores deixaram sua marca. Estive no El Floridita e na Bodeguita del Medio, em Havana (ambos ligados a Hemingway), almocei no La Coupole e no Café de Flore, em Paris (frequentados por gente como Sartre e Camus), e acho que comi a pior lasanha da minha vida no Museum Tavern, em Londres (onde esteve Sir Arthur Conan Doyle). Depois de ler Novel destinations, fiquei com vontade de seguir os passos de Kafka em Praga. Os de Louisa May Alcott em Concord, Massachussetts. Conhecer o castelo do Drácula, na Romênia, ver a casa da mulher que inspirou a Dulcineia do Dom Quixote, visitar o Château de Monte Cristo, na França...

domingo, 19 de abril de 2009

Pequeno guia histórico das livrarias brasileiras

Pequeno guia histórico das livrarias brasileiras
Ubiratan Machado (Ateliê Editorial, 2009)

Meus olhos brilharam quando vi esse volume na roda da Cultura: mais um para a minha coleção de "livros sobre livros". Edição bonita, capricho gráfico e um tema muito interessante, pequenas histórias de livrarias brasileiras desde o século 17 até as superlojas de hoje. Eu fico tentando me lembrar qual foi a primeira livraria que frequentei, e não consigo pensar em outra a não ser a Siciliano (aliás, as duas) do shopping Iguatemi. Lembro de entrar lá e sentir o cheiro dos livros nas estantes, lembro de procurar por algo específico - acho que Minha vida de menina foi um deles -, de ficar olhando as prateleiras em busca de nem sei quê. No Guarujá também tinha uma lojinha onde eu comprava basicamente Agatha Christie durante as férias.

Mas o que dizer de um livro que faz jus ao ditado "por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento"? A começar pelos erros de revisão - não sei nem como a editora teve coragem de publicar, no expediente do livro, a existência de um revisor. Dói ler coisas como "Durante muitos anos, Gazeau, trabalhou com uma conterrânea..." (p. 99) e "Localizada na rua da praia (...), num pequeno prédio de duas portas e uma janela, o negócio rendia tão pouco..." (p. 85). Eu até faria um esforço enorme para relevar (e teria que ser muito grande mesmo), não fosse o pior aspecto do livro: imprecisão nas informações.

Ela aparece de duas maneiras. A primeira, mais óbvia, está na incongruência entre o texto e algumas etiquetas que ilustram cada capítulo. A livraria Italiana (p. 101), inaugurada em 1894, em São Paulo, recebeu a etiqueta de uma certa Livraria Annunziato, que só surgiria em 1917 - e que não tinha nada a ver com a primeira. O texto sobre a livraria Teixeira (p. 73), também em São Paulo, afirma que a loja foi inaugurada na rua de São Bento, 52, e que mais tarde passaria pelos números 65 e 26 da mesma rua. Mas a etiqueta que ilustra a página mostra claramente o endereço: Rua de São Bento, 54. Mais um exemplo: o capítulo sobre a livraria de Evaristo da Veiga (p. 33), no Rio de Janeiro, traz o ano de 1823 no título. E o próprio texto, logo abaixo, encarrega-se de desmentir a afirmação: "O ano era o de 1823. Quatro anos mais tarde, ao se casar, Evaristo estabeleceu-se por conta própria, na rua dos Pescadores, 49" - que é o endereço da etiqueta.

Distração? Uma vez, vá lá. Duas, ainda passa. Mas isso acontece com frequencia ao longo do livro todo. Igualzinho à outra imprecisão nas informações, essa ainda mais vergonhosa, pois não se presta a desculpas como falta de atenção, revisão ou checagem. Onde é que já se viu um livro que se propõe "histórico" tentar adivinhar o que aconteceu? É o caso do texto sobre o Correio Paulistano (p. 61): "Tanto asim que, na mesma década, surgiram duas novas livrarias, a do Correio Paulistano (provavelmente anexa à tipografia)...". E no capítulo sobre a Universal (p. 51), de São Luís: "Desconheço referências de época, mas é mais do que certo que boa parte da vida literária daqueles "atenienses" se desenrolasse em uma ou duas das quatro livrarias da cidade." Sobre a Genoud (p. 77), de Campinas: "Como a Garraux, em São Paulo, que talvez tenha lhe servido de modelo, a loja vendia de tudo." E na Catilina (p. 39), de Salvador: "É bem provável que o jovem Castro Alves tenha sido frequentador da livraria, reunindo-se ali com os amigos."

Provavelmente? Mais do que certo? Talvez tenha servido de modelo? E, pior, é bem provável que Castro Alves tenha estado na livraria? Espero sinceramente que tais absurdos não se repitam na obra que o autor diz estar escrevendo, uma história das livrarias no Rio de Janeiro. E olha que lá tem assunto: só a Laemmert e a Garnier mereciam, cada uma, um volume próprio.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

100 New Yorkers

100 New Yorkers
Julia Holmes (The Little Bookroom, 2004)

John Lennon. Georgia O'Keeffe. Frank Sinatra. Mark Twain. Cornelius Vanderbilt. Malcom X. Tito Puente. Diana Vreeland. Dorothy Parker. Elizabeth Bishop. Eles e outras noventa figuras ligadas às artes, à política, às finanças e aos esportes, novaiorquinos de nascimento ou por adoção, aparecem em minibiografias nesse livro que faz o favor de relacionar os endereços onde eles moraram, atuaram e, de alguma maneira, contribuíram para enriquecer o espírito de Nova York. Leitura obrigatória para quem ama a cidade, como eu - melhor ainda se houver uma viagem a caminho.

No breve período em que também eu fui uma novaiorquina, morei no apartamento térreo do 18 W 87th street - a dois ou três prédios de onde vivia Billie Holiday, segundo o Guia New York da Katia Zero. Era um orgulho engraçado, caminhar pelas mesmas calçadas onde a diva pisou. Tivesse eu o 100 New Yorkers naquela época, poderia ter seguido seus passos também no Lenox Lounge ou na esquina do West Village onde ficava o Café Society, lugar em que Billie cantou Strange fruit pela primeira vez. Eu gosto desse tipo de turismo diferente. E quando estiver novamente na cidade vou conhecer o Duke Ellington Memorial, que nem sabia existir na E 110th street, esquina com 5th Avenue.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

London Pocket Companion

London Pocket Companion
Jo Swinnerton (Pavilion, 2008)

Sugestões de hotéis, endereços de restaurantes, horários de museus e outras atrações da capital britânica - bem, esse guia não tem nada disso. Nem mesmo fala onde mora a rainha, ou como fazer para ver a troca da guarda. Mas junta um monte de informações, a maioria irrelevante e divertida, para os viajantes que prestam atenção em detalhes da cidade, e não apenas em seus principais pontos turísticos.

Um exemplo: o guia lista pubs peculiares - o The Mayflower, na Rotherhithe Street, é o único pub, na Inglaterra, que pode vender selos britânicos e americanos; o The Old Red Lion, em Holborn, já abrigou o corpo decapitado de Oliver Cromwell. Fala também de lugares "mal-assombrados", dos animais mais estranhos do zoológico, da origem do termo "cockney" e traz outras informações inúteis para o turista comum, mas valiosas para quem conhece ou quer conhecer melhor a trajetória da cidade, seus habitantes históricos e pontos famosos.

domingo, 6 de julho de 2008

El origen de los nombres de los países del mundo

El origen de los nombres de los países del mundo (y de muchas de las islas que éstos poseen)
Edgardo Otero (De los cuatro vientos editorial, 2003)

Quando estive em Buenos Aires pela última vez, em dezembro de 2004, fiquei revoltadíssima: primeiro com o preço dos livros, lá tão acessíveis e aqui tão altos, e depois por até hoje não ter tido coragem de estudar espanhol. Não adianta, não consigo ler romances no idioma, por mais semelhanças que ele tenha com o português - da mesma maneira, morro de vergonha de falar portunhol e geralmente não abro a boca nos países latinos que visito.

Mas, em Buenos Aires, a fome de comprar falou mais alto, então resolvi trazer esse livro de referência que encontrei numa pequena livraria de esquina, em Palermo Viejo. Romance eu não encaro, mas textos curtos e explicativos dá pra ler sem (quase) nenhum problema. E assim aprendi que o nome Áustria - Oesterreich, em alemão - data do ano 996 e quer dizer "terras do leste". E que a ilha de Mindanao, nas Filipinas, foi batizada em função de seus lagos: "min" quer dizer "país" e "danao", "lagoas". Cultura inútil? Curiosidades. Não é à toa que o livro, no Brasil, foi lançado pela editora Panda, que detém toda a coleção do Guia dos Curiosos.

domingo, 25 de novembro de 2007

Guia New York

Guia New York
Katia Zero (Makron, 1997)

O tempo é o maior inimigo de um guia turístico - mas esse, mesmo com dez anos de vida, continua a ser um excelente companheiro para quem vai a Nova York. É porque o melhor do guia não está em seus endereços - para tê-los atualizados, você pode comprar qualquer Lonely Planet ou consultar o Cityguide online -, mas nas deliciosas histórias que Katia Zero conta a respeito dos principais pontos turísticos e outros nem tanto da cidade. Só quem, como a autora, mora há décadas em NY, e sente por ela uma curiosidade infinita, consegue escrever com tanto charme e bom humor.

A graça começa, literalmente, no começo: uma seção que diz que "o melhor de Nova York é grátis ou custa menos de US$ 10" abre o livro. E segue pela descrição muito bem sacada de bairros, casas, museus, lojas, hotéis e restaurantes, tudo entremeado de comentários a respeito de quem fez o quê, quem viveu onde, que milionário construiu qual mansão, qual é o creme para o corpo que as estrelas de cinema usam - e onde comprá-lo. Não é só um guia prático; é um guia cultural, de estilo e de comportamento. Com o dólar cada vez mais acessível, está na hora de alguma editora reeditá-lo.