quinta-feira, 18 de março de 2010

Wash this blood clean from my hands

Wash this blood clean from my hands
Fred Vargas (Penguin USA, 2007)

A francesa Fred Vargas inaugurou a série de romances policiais vivida pelo detetive Jean-Baptiste Adamsberg com O homem dos círculos azuis. Depois, vieram O homem do avesso, a graphic novel Les quatre fleuves, Fuja logo e demore para voltar, a coleção de três novelas Coule la Seine, Sous les vents de Neptune (este Wash this blood clean from my hands, em inglês), Relíquias sagradas e Un lieu incertain. Não sei o que levou a Companhia das Letras a lançar os quatro títulos, em português, fora da ordem cronológica. Mas deve ter sido um motivo e tanto, porque poucas coisas são tão importantes a ponto de estragar a surpresa de uma história de detetives - é o que acontece com quem lê Relíquias... antes de Wash this blood..., como eu.

Ok: mesmo fazendo várias referências ao livro anterior, Relíquias... não entrega totalmente o jogo. Mas acaba com duas dúvidas fundamentais que surgem durante a narrativa de Wash this blood..., principalmente no final, porque a gente já sabe quem é mocinho e quem é bandido, quem é pai de quem, quem salva quem e onde (embora o salvamento seja espetacular).

Acontece que Jean-Baptiste Adamsberg tem um passado tumultuado. Foi envolvido num crime acontecido há mais de trinta anos e nunca se livrou da obsessão de pegar o assassino, o Netuno (ou Tridente) do título francês. E, mesmo sabendo que o sujeito morreu há mais de uma década, meu detetive preferido põe em dúvida a própria sanidade mental quando crimes semelhantes aos que o bandido praticava começam a aparecer aqui e ali - até mesmo no Canadá, onde seu time de detetives passa por um treinamento de quinze dias. Não estraga dizer que Camille está em Montreal. Que Adamsberg continua quase um porco chauvinista (mas um adorável porco chauvinista). Que uma das melhores personagens do livro é também uma das mais improváveis. E que, como em todo romance de Fred Vargas que eu li até hoje, é preciso suprimir um pouco do amor pela credibilidade para sair do livro feliz.

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