segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Invisible

Invisible
Paul Auster (Henry Holt, 2009)

James Wood, o crítico da revista New Yorker, desceu a lenha não só neste livro, mas em quase toda a obra de Paul Auster, dizendo que ele é um tipo peculiar de escritor pós-moderno. Bem, meu conhecimento literário não deve atingir nem 1% do conhecimento de James Wood - afinal, ele é crítico da New Yorker e eu não sou. Escrevo apenas sobre o que gostei ou não de ler, e quase nunca existe uma teoria, muito menos acadêmica, por trás dos meus gostos. Eu nunca havia pensado em Paul Auster como escritor pós-moderno. Eu nem sei o que é um escritor pós-moderno.

E gostei, muito, de Invisible, recém-lançado nos Estados Unidos. Como quase sempre, em Paul Auster, gostei menos pela história e muito mais pela narrativa, pela maneira como ele escreve - o segundo capítulo do livro de Adam Walker, um dos personagens-narradores, é um exemplo de como tratar um tema dificílimo com rara delicadeza e elegância (até o James Wood admitiu isso: "quite touching"). Mas admito que os leitores habituais de Auster vão reconhecer, em Invisible, diversos artifícios usados em livros anteriores, como o duplo e o livro-dentro-do-livro (dois temas que me atraem demais), e que tantos outros podem ficar irritados com as ambiguidades e incertezas da trama.

Na primavera de 1967, em Nova York, o jovem estudante Adam Walker conhece o professor francês Rudolf Born e sua namorada, Margot, numa festa. Born quer fundar, com Walker, uma revista literária. Margot quer levá-lo para a cama. Aí acontece uma briga. E um crime. E, de repente, a coisa toda muda de figura - porque nem tudo, nos romances de Paul Auster, é o que parece ser.

4 comentários:

César disse...

Adoro ler as críticas do James Wood, apesar de que ele tem gostos muito próprios... Acho interessante isso que você fala de dizer que não tem teoria por trás de suas leituras, etc, apesar de que eu acho que não é de tudo verdade... Mas acho que os "leitores comuns" (para roubar o termo) são mais felizes, lendo aquilo apenas pelo prazer de gostar ou não, sem nenhuma obrigação a mais.
Você já leu "The Blind Assassin" da Margaret Atwood?

Isabel Pinheiro disse...

Oi, César! Olha, se tem "teoria" nas minhas leituras, elas são muitíssimo particulares e eu nem saberia colocá-las no papel... :-) Eu nunca estudei literatura. Acho que é a teoria do gosto, mesmo, ou do "prazer do bem escrito".

Da Margaret Atwood li só "Negociando com os mortos". Na época, lembro que gostei - mas outro dia tentei escrever sobre ele no blog e vi que pouquíssimo ficou do livro. Ficção dela nunca li, talvez por preconceito ou desinformação, por achar que talvez tenha muito de ficção científica, um gênero que não me atrai. Mas, dos títulos dela, "The blind assassin" é o que mais me interessa.

Abraços!

Thiago Maia disse...

Opa, opa, permitam-me dizer que O assassino cego é um dos melhores livros que já li.
Isabel, a parte de FC é pequena e serve a uma trama maior e realista, que serve a outra trama ainda maior e também realista.
Parece forçado ou complicado, mas não é. Muito bem escrito, e apaixonante.
Aliás, muito bem escrito, apaixonante e do mesmo ano (2000), é Quando éramos órfãos, de Kazuo Ishiguro. Ambos concorreram ao Booker daquele ano e O assassino venceu, na minha opinião, com justiça (ah, são os únicos livros que já li dos respectivos autores).
Um abraço.

Isabel Pinheiro disse...

Thiago, você me convenceu. "O assassino cego" vai entrar na minha lista de próximas leituras - mas sabe-se lá quando vou conseguir dar conta de tudo o que tenho empilhado aqui em casa...

Abraço