quarta-feira, 16 de setembro de 2009

How to eat

How to eat
Nigella Lawson (Wiley, 2002)

No tempo da minha mãe, a grande bíblia culinária era o livro das receitas de Dona Benta - embora, até onde eu saiba, Dona Benta nunca tenha entrado na cozinha do Sítio do Picapau Amarelo para cozinhar nada; tia Nastácia, sim, era a quituteira oficial do lugar (mas era negra, e vai saber se "pegava bem" publicar o livro de receitas de uma negra nos idos de sei lá quando). Eu li muito a edição que minha mãe ganhou como presente de noivado, em 1964, e que ainda existe, quase firme e quase forte, na casa dela.

Também eu tenho minhas bíblias culinárias, livros que procuram tratar de comida de um jeito simples, saudável e saboroso, que me ensinem maneiras diferentes de comer o que eu gosto - e jeitos gostosos de comer o que eu normalmente não comeria -, que não fiquem pregando excessos mas que também não levem tão a sério a proibição a ingredientes que, ultimamente, acabaram entrando numa espécie de índex culinário. Deles fazem parte o Dean & Deluca cookbook, o Jamie's dinners, alguns livros da Patricia Wells e esse How to eat. (Comentário fora de propósito: linda do jeito que é, Nigella Lawson tem toda razão em aparecer na capa de quase todos os seus livros.)

Mais do que as receitas, que são muitas e geralmente ótimas, o bacana deste livro de Nigella são os textos em que ela, vá lá, ensina a comer. O primeiro capítulo, "Basics, etc.", fala de ingredientes, ensina alguns preparos fundamentais (caldos, frango assado), dá ideias de como aproveitar sobras variadas, mostra o que é possível ter sempre à mão no freezer (isso eu aproveitei demais; aprendi que dá pra manter queijo ralado congelado, por exemplo). E o resto do livro segue na mesma linha, com capítulos sobre refeições para uma ou duas pessoas, comida rápida e fácil, cardápios para almoços de fim de semana... Até uma seção sobre "low fat" a rainha do creme e da manteiga escreveu. Só fico em dúvida se é o melhor livro dela porque também gosto muito do Express. De qualquer forma, ambos são excelentes na característica que, para mim, é capaz de transformar um livro de receitas em bíblia culinária: dão ótimas ideias para as minhas aventuras na cozinha.

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