domingo, 18 de maio de 2008

Meu destino é pecar

Meu destino é pecar
Suzana Flag (Agir, 2007)

Meu interesse por Nelson Rodrigues aumentou depois de ler a ótima biografia escrita por Ruy Castro, O anjo pornográfico. Já havia visto algumas de suas peças - Vestido de noiva é minha preferida - e então parti para as obras básicas, como O casamento e Asfalto selvagem. Mas minha maior diversão, até hoje, são mesmo os folhetins que ele escreveu sob o pseudônimo de Suzana Flag, e que ajudaram a aumentar pra caramba a audiência dos jornais onde eram publicados - segundo consta, a tiragem do carioca O Jornal subiu de 3 mil para 30 mil exemplares em 1944, quando surgiu Meu destino é pecar.

É preciso tirar o chapéu: só mesmo um escritor de primeira para dar à trama um título de dramalhão mexicano, abusar dos clichês e do politicamente incorreto, virar o enredo de cabeça pra baixo conforme a conveniência, levá-lo à beira do absurdo e continuar bom. Muito bom. Apesar de divertidíssima, ao menos para quem embarcar no espírito da coisa, a história é o de menos - bela jovem casa-se a contragosto com um tipo durão e aleijado (genial!), apaixona-se pelo cunhado bonitão, sofre nas mãos da sogra e, no final, descobre o amor verdadeiro. Importante mesmo é ver a competência e segurança com que Nelson Rodrigues trata toda essa bobajada.

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