Diana - Crônicas Íntimas
Tina Brown (Ediouro, 2007)
Ela foi o grande ícone feminino da minha geração. Primeiro com aquele casamento, que todo mundo chamou de "o casamento do século" e que eu vi maravilhada pela TV, encantada com o vestido que hoje me dá tremelique só de olhar. Depois porque em qualquer jornal ou revista lá estava ela, sorridente e deslumbrante, cada vez mais bonita e muito mais bem vestida à medida em que os anos se passavam. Aí o conto de fadas chegou ao fim, mas Diana continuou mostrando que era ícone quando mandou tudo às favas, falou o que quis, assumiu as infidelidades e o distúrbio alimentar, resolveu ser feliz. E então morreu, aos 36 anos, num estúpido acidente de carro.
Eu chorei quando Diana morreu, chorei o dia inteiro deitada no sofá em frente à TV, enquanto suas imagens e as notícias do acidente passavam sem parar. Mas depois daquele domingo, depois do funeral e do polêmico discurso de seu irmão, o Conde Spencer, o assunto ficou chato. Papparazzi, a família real, quem tinha matado a princesa? Um motorista bêbado e irresponsável, eu pensava, e nunca tive curiosidade de ler nada a respeito, nem as dezenas de livros que se seguiram, o biográfo "escondido" (Andrew Morton), o ex-mordomo (Paul Burrell), o ex-amante (James Hewitt). Mas quando soube que Tina Brow, ex-Vanity Fair, ex-New Yorker, estava trabalhando numa biografia de Diana, fiquei animada. Finalmente alguém que eu respeitava iria escrever sobre ela.
O livro é muito bom. Tina Brown fez a lição de casa direitinho, entrevistando gente que tinha o que dizer e tirando informações, devidamente creditadas, de quem já havia pesquisado e escrito antes sobre Diana, Charles, Camilla etc. Não sei até que ponto isso já era conhecido pelos dianamaníacos, mas me surpreendi com várias informações do livro, como:
a) a jovem lady, por causa da família Spencer, já se relacionava com a família real desde criança;
b) a jovem lady meteu na cabeça que iria se casar com o príncipe e fez disso sua meta;
c) Diana sabia da ligação de Charles com Camilla antes mesmo deles se casarem;
d) Charles, aliás, era um verdadeiro galinha até se casar (eu achei que ele pudesse ser gay);
e) Diana podia ser temperamental e cruel com empregados ou outros membros da família real;
f) Charles não tinha o menor interesse sexual em sua mulher;
g) Diana, no fundo, acreditava ser capaz de viver o papel de princesa de conto de fadas e, com ele, suprir uma série de carências afetivas que começaram quando a mãe foi embora de casa para viver com outro homem;
h) Diana não gostava nem aprovava o comportamento de Dodi Al Fayed, e só se envolveu com ele para tentar curar a dor-de-cotovelo de ter sido deixada pelo namorado, um médico paquistanês. O fim de semana em Paris seria o último que ela pretendia passar com Dodi.
Ainda assim, senti falta de algumas informações e explicações sobre o modo de vida real. Diana vivia separada do príncipe em seus aposentos no Kensington Palace, mesmo quando ainda eram casados? Quem pagava suas contas no período de separação antes do divórcio, quando sua conta bancária engordou em 17 milhões de libras? Por que ela teve de morar em Buckingham no período entre o noivado e o casamento? São curiosidades que ficaram e certamente me farão procurar algum outro bom livro sobre a família real britânica. Mas Tina Brown conseguiu escrever o livro que eu considero definitivo sobre Diana, a princesa que continua sendo um ícone.
PS. Usei a foto do livro que li, em inglês, primeiro porque a capa brasileira é horrível, ainda que tenha uma foto de Diana, e depois porque o nome original, The Diana Chronicles, é muito mais inspirado que sua pífia tradução literal.
sábado, 3 de maio de 2008
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