At large and at small
Anne Fadiman (Allen Lane, 2007)
Foi, acho, em 2002, que um amigo me disse: "Você vai adorar Ex-Libris." Não adorei: amei. É esse o livro que eu dou de presente para algumas pessoas especiais que, como eu, também adoram não apenas os livros, mas as palavras, a escrita. E há muito tempo eu andava de olho em blogs, na Amazon, nos lançamentos do mercado americano, para ver se encontrava algum outro título assinado por Anne Fadiman, de quem me tornei fã. Até que encontrei. Foi uma longa (ou, pelo menos, assim pareceu) espera até a Cultura entregar minha encomenda e outros demorados meses até que eu finalmente me dedicasse à obra - que li num minuto, voltando várias vezes aos ensaios que mais gostei.
Trata-se, como diz o subtítulo, de Confessions of a literary hedonist - e não tem como eu não invejar, em Anne Fadiman, sua escrita elegante, seu conhecimento literário, sua vida passada entre os livros, a forma singular como ela transforma até assuntos distantes de mim (o amor pelo Ártico, a canoagem, a devoção por Charles Lamb, de quem eu nunca tinha nem ouvido falar) em temas de interesse imediato. Se o Gênio da Lâmpada aparecesse em minha frente, agora, para me conceder três desejos, um deles certamente seria "quero escrever como e sobre o que Anne Fadiman escreve".
Em At large and at small, o ensaio de que mais gostei parte de um personagem - Procrustes, em inglês, que eu não conhecia, mesmo adorando mitologia grega - e relaciona sua prática cruel de tortura e assassinato ao que Anne Fadiman chama de "guerras culturais", a aparente necessidade das pessoas em politizar a arte. "Coffee" é um texto ótimo não apenas sobre o hábito de beber café (que eu retomei recentemente, graças à Nespresso), mas sobre as obras produzidas sob o efeito da cafeína. Em "Night owl", Anne Fadiman fala de si e de vários outros escritores que produzem melhor à noite. E tem ensaio sobre sorvete, sobre Samuel Taylor Coleridge, correspondência, mudanças de casa, a bandeira americana... Assuntos tão diferentes, abordagens idem, que só conseguem se transformar num livro tão bacana por causa da competência da autora.
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3 comentários:
eu não leio esse inglês todo, isabel, tem alguma traduçaõ no brasil da moça, fiquei interessada. ah, e também estou viciada (e refém, parece) do café da nespresso, vício meio caro esse :)
beijo,
clara
Eu lembro até hoje quando descobri o "Ex-Libris", na deliciosa estante de 'livros sobre livros' numa livraria, um livrinho verdinho, pequenino e baratinho... Me fisgou logo de cara, aquela família medonha dela que fazia disputas sobre os significados das palavras, o casamento das bibliotecas, a estante sobre o assunto de interesse. Eu nunca tinha ouvido falar dela, agora que você falou desse novo lançamento acho que vou correr atrás.
Abraços
Oi Clara, oi César! Clara, o Ex-Libris foi lançado em português pela Jorge Zahar. Eu ainda acho melhor que o At large and at Small, acho que porque os temas me são mais próximos (adotei para todo o sempre o termo que ela usa, "estantes excêntricas", para quando a gente coleciona livros de um mesmo tema).
César, uma das coisas de que mais gostei, no Ex-Libris, foi justamente a descrição dessas loucuras familiares! :-) No At Large and at Small ela conta de algumas outras, principalmente do pai - eu me identifiquei, sou meio nerd em jogos mentais.
Beijos
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