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sábado, 27 de junho de 2009

Thirteen reasons why

Thirteen reasons why
Jay Asher (Penguin USA, 2007)

Seria muito fácil, ao terminar a leitura deste livro, desprezá-lo apenas porque ele traz uma moral - e ela, desde o começo, é clara e meio batida: veja o que pode acontecer quando você não liga para o sentimento dos outros e não trata bem seu semelhante. Principalmente quando seu semelhante é uma colegial problemática que não consegue lidar com a espiral de rumores que envolve sua vida desde o primeiro ano, e o primeiro beijo, numa nova escola.

Hannah, a colegial problemática, cometeu suicídio quinze dias antes da história começar. E ela começa quando Clay Jensen, um de seus colegas, recebe em casa um pacote sem remetente contendo catorze fitas cassete, com os lados numerados de 1 a 13. Clay leva um choque quando ouve a voz de Hannah sair das fitas - e fica mais apreensivo quando descobre que a garota gravou aquilo tudo como uma justificativa, seu desabafo sobre os treze motivos que a levaram ao suicídio, imputados a diversas pessoas da escola.

Clay não entende o motivo de estar nas fitas; ele gostava de Hannah Baker e havia ficado com ela recentemente em uma festa. Mas depois a garota passou a evitá-lo. E tudo o que ele quer é descobrir em que medida poderia ter responsabilidade em sua morte. Segue-se uma longa noite em claro, em que os podres de vários colegas vão aparecendo e se encaixando na vida tortuosa de Hannah, desencadeando o sentimento de desistência que acaba por lhe tirar a vida. Uma das virtudes do autor, Jay Asher, foi escrever sua história quase como um livro de mistério; é impossível conter a ansiedade para saber o que vai acontecer no próximo capítulo, o que a garota vai contar na próxima fita. Outra, tratar de um assunto pesado numa linguagem acessível e coloquial, misturando a voz de Hannah nas fitas e a reação de Clay em seus pensamentos.

Quando minha amiga Ana C. me falou deste livro, sabendo de meu interesse pelo tema do suicídio, eu nunca imaginei que pudesse ser uma obra escrita para adolescentes. Levei um susto quando vi que foi recomendada, entre outros, pela Association of Booksellers for Children e pela Young Adult Library Services Association. Chegou à lista dos mais vendidos no The New York Times. E fico feliz em imaginar que o livro possa não só ter servido como incentivo de leitura para os jovens, mas também que sua moral - aquela que faz a gente, por preconceito, desprezar livros com mensagens edificantes - possa ter contribuído para que um ou outro pense melhor em como agir nessa terrível época que é a adolescência.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Dicionário de suicidas ilustres

Dicionário de suicidas ilustres
J. Toledo (Record, 1999)

Tá, é bizarro. Mórbido. Freak. Doentio. Mas suicídio - o tema - me atrai muito. Se tem gente disposta a escrever sobre o assunto, eis-me aqui disposta a ler (estou ansiosa pelo lançamento de Suicídio - O futuro interrompido, da jornalista Paula Fontenelle, que deve sair por esses dias). Uma das atitudes mais comuns diante de gente que se matou é dizer "um covarde". O escambau! Estar ali, à beira da morte, e decidir-se por ela, é coisa de uma coragem sem tamanho.

Então essa obra de J. Toledo é uma excelente referência a respeito, com duas características muito bacanas e outras duas questionáveis. As bacanas: a inclusão de personagens de ópera e literatura (e como tem figura cantante que se mata!) e a identificação da bibliografia correspondente logo abaixo de cada verbete. Por outro lado, a maior parte dos "suicidas ilustres" é, na verdade, formada por ilustres desconhecidos - como o francês François Buzot (século 18), o inglês Charles Blount (séc. 17), a brasileira Elsie Houston (começo do século 20), o inglês Barney Barnato (século 19). E, por fim, Toledo inclui entre os suicidas gente como Marilyn Monroe, Chet Baker e Linda McCartney, que morreram sem que se saiba exatamente se foi de caso pensado ou não.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O clube dos suicidas

O clube dos suicidas
Robert Louis Stevenson (Rocco, 1986)

Se tinha uma coisa que Robert Louis Stevenson sabia fazer era prender a atenção dos leitores - que o digam clássicos como O médico e o monstro e A ilha do tesouro. Não é o caso desse O clube dos suicidas, porém. Chatinho, chatinho, e completamente sem graça, mesmo com um tema ótimo: homens que querem morrer, mas não têm coragem de se matar, criam um clubinho em que todos se sabem destinados à morte; só não sabem como, quando nem por obra de quem vão passar desta para a melhor.

Já vi referências desse livro como um precursor do gênero policial e etcs do gênero. Não sei se porque o suicídio é um tema que me interessa demais ou se na época da leitura eu estava mais chata do que o costume, mas achei que Stevenson desperdiçou uma ótima oportunidade de criar algo realmente impactante. Bem, não dá pra reclamar muito, porque o tempo mostra que ele melhorou: O clube dos suicidas é anterior a O médico e o monstro, esse retrato em forma de fantasia que revela tão bem o ser humano.

terça-feira, 22 de julho de 2008

... Or not to be

... Or not to be
Marc Etkind (Riverhead Books, 1997)

Ok, isso vai parecer doente: eu me interesso muito por suicídios. Gosto de saber - se é que dá verdadeiramente pra saber - o que levou fulano ou beltrano a se matar. E gosto também da idéia do suicídio como opção de vida e de morte. De vida em sua negação ("isso não serve para mim"), de morte pela escolha ("prefiro morrer dormindo com um monte de comprimidos a sentir a dor da doença até o fim").

Como diz a capa, esse livro é um compêndio de notas suicidas. Bilhetes deixados por gente que se matou por amor, por ódio, por altruísmo, por eutanásia. O homem que me deu esse livro de presente foi um dos poucos que entendeu - eu acho - o fascínio do tema sobre mim. E dele só vou registrar a dedicatória bem humorada para um tema tão difícil:

"..., ..., me salva! O ... nunca me escolhe pra ler, ele sempre pega outro livro. Não agüento mais essa solidão! Se você não me levar contigo, vou me jogar do alto da estante! Adeus mundo cruel................."